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    Cachorros em Gaza estão comendo corpos nas ruas, dizem serviços de emergência

    Condições humanitárias no norte do território pioram em meio a incursão israelense

    Kareem KhadderSana Noor HaqEyad Kourdida CNN

    Corpos espalhados pelas ruas empoeiradas, estradas inteiras destruídas pelos ataques israelenses, pessoas morrendo de fome. Esta é a imagem pintada de Jabalia, no norte de Gaza, pelo chefe dos serviços de emergência na área.

    “Você pode ver os sinais de fome nas pessoas no norte de Gaza”, disse Fares Afana, chefe dos serviços de emergência no norte de Gaza, à CNN por telefone na segunda-feira (14). “As forças israelenses estão destruindo tudo que representa vida ou sinais de vida.”

    Afana disse à CNN que ele e os seus colegas receberam os corpos de palestinos mortos no norte de Gaza, alguns mostrando sinais de terem sido vasculhados por animais, o que atrapalhou os esforços para identificar os falecidos.

     

     

    “Cães famintos estão comendo esses corpos na rua… Isso dificulta a identificação dos corpos”, disse ele.

    Ele compartilhou uma foto com a CNN mostrando os restos mortais de um menino cujo corpo, segundo ele, foi vasculhado por cães.

    Afana disse que há “milhares de crianças” e mulheres grávidas presas na área sitiada, onde os militares israelenses realizaram ataques aéreos e terrestres em três bairros nos últimos 12 dias.

    As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmam que têm como alvo a presença renovada do Hamas na região.

    Pelo menos 50 mil pessoas foram deslocadas da área de Jabalia, informou no domingo (13) o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários. Os 400 mil que permanecem no norte de Gaza são perseguidos pela fome e enfrentam bombardeios estrondosos.

    A ONU acusou os militares israelenses de forçarem os moradores do norte de Gaza a escolher entre a fome ou o deslocamento.

    “Os civis não têm escolha senão morrer de fome ou partir”, disse Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), em comunicado na segunda-feira. “Em Gaza, foram ultrapassadas muitas linhas vermelhas. Crimes de guerra ainda podem ser evitados.”

    A agência israelense que gere o fluxo de ajuda para Gaza disse que 30 caminhões entraram no norte na segunda-feira, insistindo que Israel “não está impedindo a entrada de ajuda humanitária”.

    Afana disse que na segunda-feira as forças israelenses dispararam contra moradores famintos que procuravam comida num armazém de ajuda gerido pela UNRWA. “A situação está piorando”, disse ele.

    A UNRWA disse que um ataque de artilharia ao centro de distribuição de alimentos de Jabalia na segunda-feira matou pelo menos 10 pessoas e feriu outras 40.

    A CNN pediu comentários às FDI.

    “Para os paramédicos, também é muito perigoso chegar a esta área… como resultado das estradas terem sido explodidas e do fogo direto dos militares israelenses sobre os nossos veículos”, disse Afana.

    Ele disse que ambulâncias foram atingidas por estilhaços de bombardeios de artilharia israelense perto do Hospital Yemen al-Sa’eed, em Jabalia, compartilhando um vídeo das consequências que mostrava uma ambulância com pneus esmagados e marcas de bala.

    “O que está acontecendo no norte de Gaza é um verdadeiro genocídio”, acrescentou. “Não podemos fazer nosso trabalho normalmente.”

    A CNN perguntou às FDI sobre as alegações de Afana de que veículos de emergência foram alvejados pelos militares israelenses.

    Pelo menos 342 palestinos foram mortos em partes do norte de Gaza desde que as operações israelenses começaram no início deste mês, informou o Gabinete de Comunicação Social do Governo de Gaza na segunda-feira, acrescentando que centenas de “civis, crianças e mulheres” ficaram feridos. Na terça-feira (15), pelo menos 17 pessoas foram mortas no norte de Gaza, segundo a Defesa Civil.

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