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    Caça às bruxas contra Maduro? O que dificulta acordo por María Corina na Venezuela

    Há divisão entre setores do governo venezuelano por endurecimento contra a oposição, mas também por vontade de sair do isolamento e dialogar com adversários

    Da CNN

    A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, está barrada de participar das eleições presidenciais de 2024, marcadas para 28 de julho. Ela conseguiu mais de 92% dos votos nas primárias da oposição, mas foi desqualificada por 15 anos pela Justiça do país.

    Isso aconteceu após a Controladoria-Geral da Venezuela impor a pena contra María Corina, em junho de 2023, por supostamente não ter incluído em sua declaração juramentada de patrimônio o pagamento de gratificações alimentares.

    A decisão, que María Corina diz que é ilegal, foi ratificada pelo Supremo Tribunal da Venezuela em janeiro deste ano.

    Essa polêmica em torno da principal opositora de Nicolás Maduro movimenta não apenas a Venezuela, mas também o cenário internacional, gerando comentários e articulação dos Estados Unidos e de países da América do Sul, por exemplo.

    Conforme apuração de Caio Junqueira, analista de Política da CNN, o Brasil conversa com dois nomes da oposição venezuelana — o que não inclui María Corina. Diplomatas avaliaram à CNN que o Planalto defende que o vencedor, seja quem for, consiga assumir e governar.

    Assim, estaria sendo negociada uma espécie de garantia de que a oposição, se for derrotada, aceitará mais um governo de Nicolás Maduro e, principalmente, que a oposição, se for vitoriosa, não promoverá uma caça às bruxas contra os chavistas.

    Esse último ponto, segundo destacou à CNN uma fonte diretamente envolvida nas negociações, é o principal obstáculo para María Corina Machado se consolidar.

    Ela integra um setor da oposição mais crítico ao chavismo e vem defendendo que os chavistas que possam ter cometido crimes sejam processados e punidos.

    Por outro lado, há a percepção também do Brasil que, dentro do governo venezuelano, há uma divisão entre setores que vem defendendo um endurecimento contra a oposição, mas também de uma ala que pretende sair do isolamento e dialogar com a oposição, mas que rejeita María Corina.

    “Gesto” de María Corina

    Tendo em vista as dificuldades nas negociações sobre eleições na Venezuela, o Brasil torce discretamente por um “gesto” da opositora, segundo apuração de Daniel Rittner, diretor editorial da CNN em Brasília.

    Esse gesto, de acordo com a apuração, seria a desistência de María Corina e o apoio dela a outro nome da oposição, o que seria o melhor cenário para a “pacificação” no país vizinho.

    Os dois nomes que a diplomacia brasileira avalia positivamente, por exemplo, são o ex-governador Manuel Rosales, que disputou e perdeu uma eleição contra Hugo Chávez em 2006; e o ex-deputado Geraldo Blyde, informou Caio Junqueira, da CNN.

    Ainda segundo Rittner, a avaliação de Brasília é que isso ajudaria a distensionar o processo eleitoral e que o desafio da oposição venezuelana não é apenas ganhar as eleições, mas tomar posse e governar efetivamente.

    Esse último ponto esbarra novamente no discurso de María Corina, que frequentemente promete punir os chavistas atualmente no poder, que é considerado como uma dificuldade a mais no processo.

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