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    ‘Britânicos sentirão no bolso com o Brexit’, diz cientista do King’s College

    'Britânicos geram filas em supermercados com receio de falta de abastecimento por causa do Brexit', comenta cientista do King's College de Londres

    Layane Serrano, da CNN, em São Paulo

    A saída do Reino Unido da União Europeia começou a valer no dia 1º de janeiro e, apesar de anos de negociação, ainda gera muitas dúvidas sobre como ficará a relação comercial e política entre o bloco e o país da rainha.

    Em entrevista à CNN, Anthony Pereira, cientista político e professor titular do King’s College de Londres, comentou sobre os impactos do acordo na União Europeia, no Brasil e no Reino Unido.

    Para o cientista, apesar do Brexit ser um marco para o país, não teve manifestação no Reino Unido publicamente.

    “Por enquanto, não teve nenhuma manifestação pública, nem a favor e nem contra o acordo, por causa da pandemia estamos vivendo um isolamento social de categoria 4. É muito severa”, explica Pereira.

    “No Réveillon, por exemplo, os policiais cobraram multas de locais que estavam abertos como restaurantes com serviço interno, pubs, academias, escritórios e lojas não essenciais de qualquer tipo. Por enquanto, apenas supermercados e farmácias estão abertos. É possível também comprar comida nos restaurantes e levar para casa”, diz.

    Um dos principais impactos no Reino Unido será financeiramente, segundo o cientista político e professor titular do King’s College de Londres. Ele comenta que o Brexit mexerá no bolso do consumidor britânico.

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    “O Brexit representa uma vitória política de Boris Johnson, mas uma vitória de uma batalha. Não está claro que ele vai ganhar a guerra porque os custos do Brexit vão aparecer neste ano. O acordo aprovou a exportação dos bens sem a tarifa, mas criou uma burocracia na fronteira e isso vai provavelmente elevar os preços das importações no Reino Unido.”

    Além disso, Anthony comenta que com o acordo valendo estudantes britânicos não poderão mais circular em países europeus por meio de programas, como o Erasmus, e nem poderão usufruir de benefícios em outros países do bloco, como trabalhar e usar o sistema de saúde local.

    Cientista político Anthony Pereira comenta saída do Brexit da UE
    Cientista político Anthony Pereira comenta saída do Brexit da UE (02.jan.2021)
    Foto: Reprodução / CNN

    Relação com o Brasil

    Apesar das limitações que provoca, o Brexit também pode trazer novas aberturas comerciais, diz o especialista.

    Para Pereira, o Brasil é um dos países que poderá ser beneficiado com o acordo, caso os governos dos dois países saibam negociar bem. O cientista político arescenta que o governo brasileiro tem um desafio adicional, que é buscar consolidar outro acordo, o do Mercosul com a União Europeia.

    “Para o Brasil o acordo entre o Mercosul e a União Europeia é mais importante. O governo brasileiro vai precisar negociar com os dois lados, serão duas oportunidades e dois desafios”, explica o docente do King’s College.

    Assim como o Brasil, os EUA deverão apostar mais na relação com países do bloco europeu do que com os britânicos. O resultado disso, diz o professor, é que  o Reino Unido poderá ficar isolado na esfera econômica e política.

    “Provavelmente, a administração do Biden não vai priorizar negociações comerciais com o Reino Unido. França e Alemanha são mais importantes para a gestão do novo presidente americano. Na minha perspectiva, ao longo prazo, o Reino Unido ficará mais isolado, menos influente politicamente e menos forte economicamente”, diz.

    Anthony Pereira prevê uma guerra de narrativas nos próximos meses. A retomada da economia britânica no pós-pandemia deve ser reivindicada politicamente pelos que foram favoráveis ao acordo, enquanto o outro lado tende a argumentar que a recuperação poderia ser maior sem o Brexit.

    “Quando a economia começar a se recuperar depois da pandemia, muitos que votaram a favor do Brexit vão dizer que a retomada econômica foi provocada pelo acordo. Será uma guerra entre as relações públicas para interpretar os dados econômicos de 2021”, comenta o cientista político.

    Nova cepa

    Questionado sobre a nova cepa da Covid-19 que migrou do Reino Unido para o Brasil e mais de 30 países, o professor britânico comentou que a variante do vírus intensificou ainda mais o isolamento social no país.

    “No Natal seria possível juntar famílias e quando surgiu essa variante ficou proibido aglomerar. Policiais também começaram a multar alguns estabelecimentos que estavam aglomerando no Ano Novo. A nova cepa, portanto, ajudou não só aumentar as restrições aqui na Inglaterra, como também impediu qualquer manifestação pública relacionada ao Brexit”, explica Pereira.

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