Brasileiros relatam o clima de tensão na Ucrânia
Soldados russos cercam fronteiras do país; risco de invasão deixa a população em alerta
Desde que o exército russo cercou as fronteiras com a Ucrânia, autoridades internacionais temem uma possível invasão. O país governado por Vladimir Putin busca impedir que o seu vizinho ingresse à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A Ucrânia tem praticamente duas vezes o tamanho da Alemanha e faz fronteira com a Rússia e a Europa Ocidental.
Dentro dos limites ucranianos, a população está alerta para os desdobramentos que a crise diplomática pode tomar. A brasileira Fernanda Krupin, que mora na capital do país, Kiev, falou à CNN.
“Eu sou super suspeita para falar, porque eu gosto muito de morar aqui. As pessoas aqui não veem essa emergência toda que a gente vê em jornais brasileiros, em toda a imprensa, em tudo que é comunicado. Porque é uma situação que o pessoal vive aqui até mesmo antes da revolução de 2014. Então sempre houve esse conflito com a Rússia”, disse.
A chamada “revolução de 2014”, também conhecida por “Euromaidan”, reuniu uma série de levantes populares que reivindicavam a entrada da Ucrânia à União Europeia.
Hoje, Fernanda entende que a comunidade internacional está mais aflita acerca do que vem ocorrendo no país do que a população local.
“Minha mãe me mandou mensagem desesperada falando que tinha saído a notícia de que a Rússia estava pronta para entrar na Ucrânia. Então quem choca mais, quem pergunta mais, é a comunidade de estrangeiros”, opinou.
Já para o soldado do exército ucraniano Oleg Goltvyasnky, a situação é diferente.
O militar está estacionado em Bahmut, na zona de conflito da região de Donetsk, onde separatistas ucranianos têm o apoio da Rússia.
Oleg está convencido que haverá um conflito armado. O soldado está na frente de batalha há oito anos e, atualmente, tem o próprio filho também atuando junto ao exército.
Em uma conversa por escrito, o soldado avaliou que a Rússia é um inimigo muito mais forte, mas garantiu que os ucranianos irão se defender e, se for preciso, morrerão como heróis.
Oleksandr Osypenko também combateu como soldado na zona de conflito, durante três anos. Há três meses – desde o fim do seu contrato com o exército – ele retomou à vida civil, agora em Kiev.
Oleksandr não acredita que a Rússia atacará a Ucrânia e tenta conseguir algumas concessões. Por outro lado, ele conhece nacionais que estão de malas prontas para fugir caso ocorra o conflito armado.
Apesar de não ter malas preparadas, a brasileira Paula Ferreira está pronta para uma eventual emergência.
“Se o risco é tão grande, gostaria de trazer um pouco de alívio para a minha mãe. Porque a minha mãe está assim: ‘pelo amor de Deus, volta para a casa. Está fazendo o que aí? Volta para cá!’. E aqui a gente está assim, assistindo. Literalmente assistindo o desenrolar das coisas. E talvez a gente só não tome atitude, porque existe ainda essa sensação de que as coisas talvez se resolvam.”
Paula teme algum conflito, mas limitado.
Com apreensão, os residentes da Ucrânia acompanham o noticiário e aguardam uma resolução diplomática do embate.