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    Brasileiro sofre para mudar voo e retornar ao Reino Unido antes de ‘fechamento’

    Governo britânico endureceu medidas para estrangeiros e Brasil está na ‘lista vermelha’ dos países

    Avião decola do aeroporto de Heathrow, em Londres
    Avião decola do aeroporto de Heathrow, em Londres Foto: Toby Melville/Reuters

    Karoline Porto, colaboração para a CNN

    Há nove dias, o curitibano Eduardo Silveira Trindade aterrissou no Brasil com a família vindo da Inglaterra. Viajou para participar da sua graduação em engenharia civil. O que ele não imaginava, porém, era que o retorno ao território inglês, programado para o fim do mês, poderia lhe custar tão caro.

    Ele foi informado de que o governo britânico irá, a partir da próxima segunda-feira (15), endurecer as regras de entrada no Reino Unido para conter o coronavírus. Uma “lista vermelha” de 33 países (veja abaixo) foi criada, e o Brasil está incluído nela. Ninguém que viaje desses locais para a terra da rainha conseguirá entrar no país

     

    A exceção será para os cidadãos britânicos, irlandeses e residentes do Reino Unido. Além de apresentar um teste negativo de Covid-19 feito no máximo até três dias antes da viagem, eles precisarão reservar um dos 4.600 quartos dos 16 hotéis designados pelo governo britânico, e se sujeitarem a uma quarentena de 10 dias. O custo total da estadia no “hotel-quarentena” será de 1.750 libras (cerca R$ 13 mil). No valor, estão inclusos três refeições por dia e dois testes PCR, feitos no segundo e oitavo dias de isolamento. Os hotéis estarão disponíveis para reservas a partir desta quinta-feira (11).

    Ao saber disso, Eduardo, que é gerente de vendas em uma empresa de insumos químicos e tem residência na Inglaterra, partiu para uma corrida contra o tempo. Ligou diversas vezes para a companhia aérea para antecipar a viagem de volta. Não teve sucesso. Foi então até o aeroporto e discutiu com os atendentes da empresa. Finalmente conseguiu antecipar o voo para o próximo sábado (13), dois dias antes das medidas entrarem em vigor. O voo sairá do Brasil, fará uma escala em Madri, e depois Londres.

    “Não tenho condições. Pago taxa do condado, luz e todas as contas. E vou ter que pagar quase 2 mil libras de hospedagem sendo que sou residente? Não acho justo”, disse Eduardo.

    Mas a volta do curitibano será solitária. A família não vai conseguir retornar no dia 13. E caso os pais e a esposa viajem para a Inglaterra nas próximas semanas, provavelmente terão que se isolar – e pagar a conta salgada do hotel-quarentena.

    “Meus pais estão fazendo um tratamento odontológico até março. Não dá para pagar 1.750 libras vezes três. Eles não têm escolha, vão ter que ficar no Brasil”, complementou.

    O brasileiro Eduardo Silveira e a esposa
    O brasileiro Eduardo Silveira e a esposa
    Foto: Eduardo Silveira Trindade/Arquivo Pessoal

    Prisão

    A decisão do governo britânico não se limita apenas à quarentena compulsória. Caso os passageiros sejam pegos mentindo, estarão sujeitos a multas de até 10 mil libras (quase R$ 75 mil) e prisão.

    “Qualquer pessoa que mentir sobre o trajeto no formulário de imigração ou tentar omitir que esteve em um país da lista vermelha nos 10 dias antes de entrar aqui, poderá enfrentar uma sentença de prisão de até 10 anos. Trabalharemos em conjunto com a força policial para reforçar estas medidas”, disse o secretário de saúde da Inglaterra, Matt Hancock, na terça-feira (9).

    O Reino Unido tem registrado recordes de mortes por Covid-19 nos últimos dias. Até agora, são mais de 114 mil mortes pela doença, segundo a Universidade Johns Hopkins.

     

    Brasileiros conseguem entrar de alguma forma no Reino Unido?

    Com as novas regras em vigor a partir da próxima semana, será praticamente impossível que brasileiros não-residentes consigam entrar na Inglaterra.

    Desde 15 de janeiro, os voos diretos entre o Brasil e Reino Unido foram cancelados. Ainda existem, porém, voos com escalas em outros países da Europa, com o destino final os aeroportos ingleses.

    A Latam oferece um voo que sai de Guarulhos no dia 16 de fevereiro e faz conexão em Madri. Os passageiros trocam de aeronave para seguir para Londres. A British Airways também oferece um voo com conexão em Madri neste dia. Mas antes de embarcar no Brasil, o viajante tem que apresentar um teste negativo de Covid-19, feito até 72 horas antes da viagem. O governo britânico ainda exige o preenchimento de um formulário com detalhes de onde o viajante irá ficar no país. Mesmo assim, por ter como origem um país incluso na lista vermelha, a pessoa não poderá entrar no Reino Unido sem ser residente.

    Mas e se o brasileiro fizer uma quarentena em outros países antes de seguir para o isolamento compulsório no Reino Unido?  Ainda assim, não vai ser possível. Segundo o mapa de regulações de viagens da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), França, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda e Portugal, principais rotas de conexões do Brasil, não permitem a entrada de brasileiros não-residentes.

    Eduardo, que mora na Inglaterra há um ano e acompanhou todas as decisões do governo britânico no combate à pandemia até aqui, critica que essas novas regras venham a ser impostas só agora.
    “Eu acho que deveria ter sido rígido desde o início [da pandemia]. No começo, fizeram apenas testes, depois quarentena, e depois de dois meses, uso obrigatório de máscara, e agora quarentena em hotel. Isso já vem sendo feito em outros países. Eu acho que deveriam ter fechado as fronteiras há muito tempo. Talvez dessa forma não tivesse ocorrido tantas perdas financeiras e de vidas”.

    Lista vermelha de países

    O site do governo do Reino Unido classifica 33 países na lista vermelha da pandemia. São eles:
    •    África do Sul
    •    Angola
    •    Argentina
    •    Bolívia
    •    Botswana
    •    Brasil
    •    Burundi
    •    Cabo Verde
    •    Chile
    •    Colômbia
    •    Emirados Árabes
    •    Equador
    •    Eswatini (antiga Suazilândia)
    •    Guiana
    •    Guiana Francesa 
    •    Ilhas Mauricio
    •    Ilhas Seychelles
    •    Lesoto
    •    Malaui
    •    Moçambique
    •    Namíbia
    •    Panamá
    •    Paraguai
    •    Peru
    •    Portugal (incluindo as ilhas de Madeira e Açores)
    •    República Democrática do Congo
    •    Ruanda
    •    Suriname
    •    Tanzânia
    •    Uruguai
    •    Venezuela
    •    Zâmbia
    •    Zimbábue