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    Brasileira no Líbano relata drama de fuga em meio a bombardeios de Israel

    Fátima Cheaitou tenta deixar o país após ofensiva israelense contra o Hezbollah

    Salvador Stranoda CNN

    Fátima Cheaitou está entre as mais de 16 mil pessoas que fugiram de suas casas nas últimas 24 horas após os ataques de Israel a diferentes regiões do Líbano. Só na segunda-feira (23), mísseis e drones causaram mais de 550 mortes — entre eles, 50 crianças e 94 mulheres, segundo balanço do Ministério da Saúde libanês.

    O périplo de Cheaitou começou logo pela madrugada de segunda-feira, quando ela relata ter ouvido as bombas caírem na cidade de Sur, onde mora, a 85 km de Beirute. Em seguida, ela partiu numa viagem de dez horas junto com seus pais para a capital libanesa, esperando conseguir uma via para voltar ao Brasil, onde morou até os 18 anos.

    “Na verdade, a gente quer qualquer avião que nos tire do Líbano. Depois, vamos dar um jeito de chegar no Brasil. Os únicos voos que ainda estão saindo estão lotados”, afirma a jovem de 25 anos. O problema, ela continua, é que ainda assim as companhias aéreas estão cancelando as viagens previstas saindo do Líbano.

    Ao longo do caminho até a capital, Cheaitou registrou o estrago causado pelos bombardeios e o volume de pessoas deslocadas após a ofensiva israelense.

    A decisão de deixar o Líbano ocorre num momento em que a jovem planejava voltar a ter residência fixa no Líbano. Ela havia passado os últimos anos na França, finalizando um mestrado.

    “Você está abandonando sua vida sem saber para onde vai. Ontem, saímos sem saber se vou ver meus avós e meus tios novamente. A gente não sabe nem se a nossa casa já está destruída ou não. É uma das piores coisas que a gente pode viver”, diz Cheaitou.

    Essa é a segunda vez que a família de Fátima é surpreendida com a escalada no conflito no Oriente Médio. Em 2006, época em que ainda moravam no Brasil, eles estavam de férias no Líbano quando eclodiu a guerra aberta entre o Hezbollah e Israel.

    “Foram férias que se transformaram em tragédia. Acordamos e tinham bombardeado alvos próximos ao nosso vilarejo. E você acorda sentindo que foi na sua casa. Minha mãe correu pra nos abraçar, achando que a nossa casa ia desmoronar. Fugimos e depois de alguns dias conseguimos voltar ao Brasil pelo norte do Líbano”, relata.

    Família pede ajuda ao Itamaraty

    Sem conseguir um voo para deixar o país, a família de Cheaitou apela, agora, ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A expectativa da família é de que o Itamaraty faça uma operação de resgate que retire brasileiros e seus familiares da área conflagrada.

    Por enquanto, a posição oficial do governo brasileiro é a indicação de que os cidadãos deixem o país. O que, para muitos, agora se mostra um desafio.

    “É aterrorizante. Eles (Israel) falam que o objetivo não são os civis. Mas ao mesmo tempo estão bombardeando as casas dos civis. São pessoas que eu conheço que morreram.. civis sem qualquer filiação (com o Hezbollah)”, afirma Cheaitou.

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