Brasileira é presa nos Estados Unidos por ter participado de invasão do Capitólio
Na ocasião, apoiadores de Donald Trump invadiram a sede do Congresso dos EUA para impedir a certificação da derrota do republicano nas eleições 2020


A brasileira Leticia Vilhena Ferreira foi presa na última quarta-feira (16) em Illinois, nos Estados Unidos, por ter participado da invasão do Capitólio, sede do Congresso do país, em 6 de janeiro de 2021.
De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, duas queixas foram apresentadas contra a brasileira: entrar ou permanecer conscientemente em qualquer edifício restrito sem motivos ou autoridade legal; e entrada violenta e conduta desordeira no terreno do Capitólio.
O relatório da investigação mostra que uma testemunha, que teria conhecido Ferreira durante o protesto, entregou um vídeo ao FBI que teria sido compartilhado a ela pela brasileira, repassando também às autoridades seu número de telefone.
Assim, os investigadores descobriram os dados de Leticia e seu paradeiro. Em 2 de abril de 2021, agentes do FBI interrogaram Ferreira em sua casa, em Indian Head Park, Illinois. Na ocasião, ela informou às autoridades que viajou sozinha para Washington no dia 5 de janeiro do mesmo ano, tendo voltado para casa dois dias depois.
A brasileira também disse que tinha visto para trabalho, não estando apta, portanto, a votar. Mesmo assim, quis viajar para a capital dos EUA para ver o então presidente, Donald Trump, discursar.
Ainda de acordo com a investigação, ela afirmou não ter conseguido ouvir ou ver Trump de onde estava, seguindo, então, a multidão até o Capitólio e entrando no edificío, tendo permanecido lá por cerca de 20 minutos.
Nesse período, a brasileira tirou fotos e fez vídeos, o que serviu como confirmação adicional para as autoridades de que ela esteve presente na invasão.
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Fotos tiradas pela brasileira Leticia Ferreira durante a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021 • Reprodução/Departamento de Justiça dos Estados Unidos
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Fotos tiradas pela brasileira Leticia Ferreira durante a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021 • Reprodução/Departamento de Justiça dos Estados Unidos
Os investigadores conseguiram, então, localizar Ferreira em vídeos feitos pelas câmeras de segurança do Capitólio, com roupas que correspondiam à descrição que ela forneceu durante o interrogatório.
O relatório afirma ainda que ela foi identificada em vídeos feitos por outros invasores. Em um deles, há um momento de confronto com a polícia do Capitólio, mas “Ferreira não parece ter participado de nenhum ataque aos oficiais”.

Em 26 de agosto de 2021, foi autorizada busca no telefone da brasileira. Além de verificar onde ela esteve no dia da invasão, os investigadores conseguiram resgistros de uma conversa com outra pessoa, em que Ferreira afirmava ter estado no Capitólio em 6 de janeiro.
“Você acha que eles irão atrás das pessoas que entraram na área do Capitólio?”, pergunta a brasileira. “Não fique triste. Esteja preparada”, responde a outra pessoa. “Eu fui tão irresponsável por andar lá”, diz Letícia.
As queixas contra Leticia Ferreira foram apresentadas em 14 de fevereiro de 2022. Dois dias depois, em 16 de fevereiro, ela foi presa em Indian Park Head, Illinois.
Relembre a invasão do Capitólio dos Estados Unidos
Durante a sessão conjunta do Congresso que confirmaria a vitória de Joe Biden nas Eleições Presidenciais de 2020, em 6 de janeiro de 2021, centenas de apoiadores do então presidente, Donald Trump, marcharam para o prédio após meses alegando fraude nas votações, o que nunca foi comprovado e, pelo contrário, foi desmentido pelas principais autoridades dos EUA.
No ataque, os agressores conseguiram superar momentaneamente a segurança do local, entrando no Capitólio, destruindo diversos objetos – muitos com significado histórico – e ameaçando de morte os congressistas.
O vice-presidente à época, Mike Pence, que comandava a sessão, membros do Congresso e jornalistas tiveram que se retirar às pressas, enquanto uma multidão escalava as escadarias do prédio e invadia os salões principais. A audiência foi retomada apenas nas primeiras horas do dia 7 de janeiro, confirmando a vitória de Biden.
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Manifestantes invadem o Capitólio, sede do Congresso dos EUA • Foto: Stephanie Keith/Reuters
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Jacob Chansley, o chamado “QAnon Shaman”, foi condenado a 41 meses de prisão • Foto: CNN / Reprodução
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Apoiadores de Donald Trump protestam em frente ao capitólio • Foto: REUTERS/Mike Theiler
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Manifestantes pró-Trump invadem Capitólio • Foto: Leah Millis/Reuters
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Ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 • Shannon Stapleton/Reuters
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Apoiadores de Trump invadem o Capitólio • Foto: Reuters
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Apoiadores de Trump invadiram o Capitólio • Foto: Reprodução/CNN
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Apoiadores se manifestam contra certificação da vitória de Joe Biden no Capitólio, Washington D.C. • Foto: REUTERS/Stephanie Keith
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Policiais em frente ao prédio do Capitólio, nos Estados Unidos • Win McNamee/Getty Images
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Ataque ao Capitólio dos EUA por apoiadores pró-Trump em 6 de janeiro • 06/01/2021REUTERS/Leah Millis
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Partidários de Trump invadem o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021 em um esforço para interromper a ratificação da vitória do presidente Joe Biden nas eleições de 2020 • Getty Images
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Jacob Anthony Chansley durante invasão ao Capitólio
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Capitólio dos EUA em Washington • 6/12/2021 REUTERS/Elizabeth Frantz
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Manifestantes pró-Trump invadiram o Capitólio em 6 de dezembro de 2021 para impedir a confirmação da eleição de Joe Biden no Congresso • Evelyn Hockstein/For The Washington Post via Getty Images
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Gás de efeito moral foi usado para tentar conter os manifestantes • Evelyn Hockstein/For The Washington Post via Getty Images
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Policiais foram feridos nas tentativas de barrar a invasão • Michael Robinson Chavez/The Washington Post via Getty Images