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    Brasil teme que texto do G7 inclua termos hostis à Rússia 

    Texto pode expor diferenças nas visões sobre a guerra na Ucrânia entre os países avançados, membros do G7, e os convidados, entre os quais o governo brasileiro está incluído

    Priscila Yazbekda CNN , Hiroshima, Japão

    Diante da expectativa de que os textos da declaração oficial dos países do G7 em Hiroshima, no Japão, usem um tom duro sobre a Rússia, o governo brasileiro mostra preocupação com os termos do documento que deve ser elaborado pelos integrantes do grupo em conjunto com as nações convidadas.

    Dois documentos devem ser emitidos: um pelos países membros do G7 e outro pelos membros convidados.

    Os países membros são: França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá. E os convidados são: Austrália, Comores (que está na presidência de turno da União Africana), Ilhas Cook (que está na presidência de turno do Foro das Ilhas do Pacífico), Índia, Indonésia, República da Coreia e Vietnã, além do Brasil.

    Enquanto os líderes do G7 devem discutir o endurecimento das sanções à Rússia, o governo brasileiro não quer participar de um documento que fale sobre sanções, dizem fontes do governo.

    O documento deve ser emitido a partir da sessão de trabalho sobre insegurança alimentar, intitulada “Trabalhando juntos para enfrentar múltiplas crises”, que vai acontecer neste sábado (20).

    Como os países-membros e convidados assinam o texto, fontes do Planalto que acompanham as negociações afirmam à CNN que há um temor de que os membros do G7 incluam termos que representem maior hostilidade à Rússia.

    O próprio Itamaraty admitiu à CNN que como o tema do documento vai ser segurança alimentar, uma referência inicial deverá ser feita ao conflito na Ucrânia. E diz que o governo brasileiro negocia a linguagem para que seja compatível com os termos que o país tem usado.

    “Recordem-se que há outros países que não fazem parte do G7 que têm posições também sobre a questão da Ucrânia, que não são exatamente coincidentes com a posição dos países do G7”, disse o embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretário de assuntos econômicos e financeiros do Itamaraty em conversa com a imprensa antes da viagem.

    Há temores de que a Rússia se incomode com a linguagem. Também há um receio de que posteriormente um tom mais hostil em um eventual documento do G7 seja usado como fator de pressão para que a mesma linguagem seja usada em documentos mais importantes no âmbito da ONU.

    Lula deve reforçar no G7 seu desejo de ser um mediador da paz do conflito. Ainda que haja um ceticismo, mesmo dentro do governo, sobre a capacidade de Lula de encerrar a guerra, fontes do Planalto dizem que a estratégia do governo é ganhar relevância no cenário global ao se colocar como um mediador da paz – e isso já estaria acontecendo, já que o Brasil passou a ser incluído nas discussões internacionais sobre a guerra.

    O convite do G7 a Lula, o sétimo feito ao presidente e o primeiro feito ao Brasil desde os primeiros mandatos de Lula, reforça a visão do governo de que a estratégia tem dado certo.

    Seja por uma vontade genuína de incluir Lula na discussão, ou pela intenção de evitar que uma das maiores economias do mundo emergente penda para o lado da Rússia, o presidente tem sido convidado às rodas de conversa.

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