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    Bombardeio de base na fronteira com a Polônia aumenta tensão entre Rússia e Otan

    Ataque russo teve como alvo o Centro para a Manutenção da Paz e Segurança internacional, a 25 quilômetros da fronteira entre Ucrânia e Polônia

    Exercício militar no Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança da Ucrânia, perto de Yavoriv, na região de Lviv.
    Exercício militar no Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança da Ucrânia, perto de Yavoriv, na região de Lviv. Reuters/Gleb Garanich

    Henrique Magalhães Claudinoda CNN

    O Centro para a Manutenção da Paz e Segurança internacional em Yavoriv foi bombardeado por militares russos, disseram autoridades militares da região de Lviv, durante a madrugada, no Telegram. Este é um dos locais utilizados pelos instrutores da Otan para formar militares ucranianos.

    O alvo do ataque fica a cerca de 25 quilômetros de distância da fronteira com a Polônia, o que reforça a tensão entre a Otan, grupo do qual a Polônia faz parte, e a Rússia.

    Entenda o que o ataque representa e quais podem ser os desdobramentos:

    Risco de conflito direto entre Moscou e Otan

    A escalada do conflito com o Ocidente tornou-se mais clara no sábado (12), especialmente depois da Rússia ter ameaçado destruir carregamentos de armas internacionais que cheguem à Ucrânia.

    Esse aviso, feito pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov aumenta o risco de um conflito direto entre Moscou e um país da Otan.

    Aliados da Ucrânia, incluindo Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, estão enviando com urgência milhares de mísseis antitanque e antiaéreos para Kiev em resposta à agressão de Moscou

    Ryabkov disse que a Rússia “avisou os EUA de que a entrega de armas que estão a organizar a partir de vários países não é apenas um movimento perigoso, é um ato que torna os comboios respetivos em alvos legítimos”, alertou Serguei Riabkov em entrevista este sábado ao jornal Canal de TV Pervy Kanal.

    Serguei Riabkov afirmou também que as “garantias de segurança” pedidas pela Rússia ao Ocidente, incluindo a garantia de que a Ucrânia nunca ingressaria na Otan, deixaram de ser válidas.

    “A situação mudou completamente. A questão agora é colocar em prática os objetivos dos nossos líderes”, afirmou, referindo-se à “desmilitarização” da Ucrânia pedida pelo Kremlin.

    “Se os americanos estiverem dispostos, é claro que podemos retomar o diálogo”, acrescentou, especificando que Moscou estava pronta, em particular, no que diz respeito aos acordos Start para limitar os arsenais nucleares. “Tudo depende de Washington”, disse.

    Por outro lado, a base ucraniana bombardeada fica apenas a poucos quilómetros da fronteira com a Otan. Se as explosões atingissem território polaco, o Artigo 5.º do tratado é claro: “Um ataque contra um Estado-membro é um ataque contra todos os Estados-membros”.

    Numa primeira reação ao ataque, o ministro da Defesa ucraniano referiu que “este é um novo ataque terrorista à paz e segurança perto da fronteira com a União Europeia/Otan”. No Twitter, o ministro voltou a pedir para que o espaço aéreo da Ucrânia fosse fechado.

    No entanto, tanto a União Europeia, como os Estados Unidos e o Reino Unido continuam a rejeitar a hipótese e não avançam qualquer data para dar esse passo. A razão apresentada é: “a Otan é uma aliança defensiva”.

    Os ataques aéreos russos a esta base militar perto da cidade de Lviv, no noroeste, ocorrem ao mesmo tempo em que as forças russas expandem a sua ofensiva no oeste da Ucrânia.

    Na sexta-feira (11), os militares de Putin atacaram pela primeira vez aeroportos no extremo oeste do país, em Lutsk.

    Reação ao ataque

    De acordo com a publicação do chefe da autoridade, Maksym Kozytskyi, mais de 30 mísseis foram disparados contra a base militar ucraniana.

    "Os ocupantes realizaram um ataque aéreo ao Centro Internacional para a Manutenção da Paz e Segurança. De acordo com informações preliminares, dispararam oito mísseis. Estão a ser recolhidas informações sobre as [potenciais] vítimas", disse o administrador regional de Lviv em comunicado no Telegram.

    O ataque aéreo ocorreu por volta das 05h45 horas em Kiev. Stepan Chuma, um profissional de saúde que foi chamado para o local, disse que toda a sua casa vibrou no momento dos bombardeamentos. "Até as minhas janelas vibraram, todo o céu iluminou-se com duas explosões".

    Chuma, que deu uma breve entrevista ao jornal The Guardian, afirmou que "várias pessoas ficaram feridas", mas até ao momento não há confirmação oficial de vítimas.

    De acordo com a agência Reuters, que cita o governador de Lviv, o ataque fez 35 mortos e 57 feridos.

    Algumas horas antes deste ataque, as sirenes voltaram a soar em Lviv, onde uma explosão terá sido ouvida a leste da base militar.

    No Telegram, as autoridades militares explicaram que estas explosões foram resultado da ação das defesas antiaéreas ucranianas contra mísseis lançados pelas forças armadas russas.

    “Todas as unidades militares estão em pleno funcionamentos, mais informações serão comunicadas pelo governador da região”, disse o vereador local Igor Zinkevych. Para além de Lviv, também Kherson e Ivano-Frankivsk registaram relatos de explosões.

    Rússia desenvolve ofensiva no oeste da Ucrânia

    Esse ataque provocou danos substanciais ao aeroporto, no noroeste da Ucrânia, a cerca de 110 quilômetros da fronteira com a Polônia. Em Volyn, o governador da região disse que quatro mísseis aéreos foram disparados por militares russos, levando à morte de duas pessoas.

    Ainda na sexta-feira, o aeródromo militar em Ivano-Frankivsk - onde hoje também foram ouvidas explosões -  foi atingido por mísseis. Lviv é um dos polos culturais da Ucrânia e o centro histórico da cidade é Patrimônio Mundial da Unesco.

    Lviv é, no momento, um ponto de passagem para milhares de pessoas a entrar na cidade para escaparem aos bombardeamentos e tentarem fugir para a União Europeia.

    De acordo com os números mais recentes, 1.675.000 pessoas já entraram na Polônia.

    Este conteúdo foi criado originalmente em português (pt).

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