Bolsonaro sobre posição do Brasil em guerra na Ucrânia: decisão é minha
Fala acontece após o vice-presidente Hamilton Mourão declarar que os países do Ocidente devem usar a força em apoio aos ucranianos
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quinta-feira (24), que é sua a decisão sobre o posicionamento do Brasil frente à guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Quem fala pelo país é o presidente e o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro. Quem tem dúvida disso basta procurar o Artigo 84 [da Constituição Federal]. Quem está falando isso está falando sobre o que não lhe compete”, disse Bolsonaro em transmissão pelas redes sociais.
A fala acontece após o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarar que os países do Ocidente devem usar a força em apoio aos ucranianos.
“Tem que haver o uso da força. Realmente um apoio à Ucrânia maior do que o que está sendo colocado. Essa é a minha visão”, indicou Mourão.
Bolsonaro ainda alegou que deseja a paz e que ela interessa para todos. “A guerra não interessa para ninguém. Nas próximas horas teremos uma reunião para dimensionar o que está acontecendo, mas o Brasil tem sua posição. Lembrando, quem fala sobre essas questões é o presidente da República.”
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, ao lado do chefe do Executivo na transmissão, expressou que a Embaixada do Brasil na Ucrânia está aberta e dedicada aos brasileiros. E que junto ao Ministério da Defesa, está fazendo um plano para retirada desses cidadãos.
“Esse plano envolve contato com países vizinhos. Só vamos tirar os brasileiros dali quando tivermos condições necessárias para que isso ocorra de maneira segura e ordenada. Estamos analisando comboios terrestres, ferrovias, rodovias. O espaço aéreo está fechado, mas estamos focados”, informou Carlos França.
Em viagem à Rússia, em 16 de fevereiro, Bolsonaro discursou ao lado do presidente Vladimir Putin, que prega a paz e respeita “quem age desta maneira” e que era solidário ao país. Entretanto, não citou o conflito com os ucranianos.
Os Estados Unidos criticaram o discurso de Bolsonaro, afirmando que “o momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, quando as forças russas se preparam para lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, disse à CNN um porta-voz do Departamento de Estado.
O Brasil está negociando com os EUA alterações no projeto de resolução que os norte-americanos submeteram nesta quinta-feira aos países que integram o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). No documento, revelado pela CNN, os americanos pedem a condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia e a imediata retirada das tropas.
Segundo fontes do governo brasileiro, a avaliação inicial é que o país apoie o projeto, mas com alterações para equilíbrio do texto. Por exemplo: defender o diálogo, reconhecer que acordos do passado nunca foram completamente implementados por nenhuma das partes e oferecer uma melhor contextualização da situação. Em suma, fugir da lógica de que há um país culpado e que os demais são inocentes neste embate.
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(*Com informações de Caio Junqueira e Leonardo Lopes, da CNN)