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    Biden reteve intencionalmente documentos confidenciais, mas não será acusado, conclui investigação

    Procurador especial destacou diferenças entre os casos de Biden e Trump sobre manuseio de arquivos secretos

    Da CNN

    O procurador especial Robert Hur divulgou um relatório nesta quinta-feira (8) que concluiu que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reteve e divulgou intencionalmente informações militares e de segurança nacional confidenciais.

    Entretanto, ele não enfrentará acusações, após uma investigação de um ano sobre o tratamento dos documentos secretos.

    Uma razão pela qual Hur optou por não apresentar queixa, de acordo com o relatório, foi porque seria difícil processar Biden, que poderia aparecer perante um júri como um “homem idoso simpático, bem-intencionado e com memória fraca”.

    “Concluímos que nenhuma acusação criminal é justificada neste assunto. Chegaríamos à mesma conclusão mesmo se a política do Departamento de Justiça não excluísse as acusações criminais contra um presidente em exercício”, concluiu.

    A investigação do procurador especial descobriu que Biden sabia dos documentos confidenciais em sua casa já em 2017, quando não era mais vice-presidente, e que compartilhou algumas das informações com o escritor fantasma de um livro de suas “memórias” publicado naquele ano.

    A divulgação pública do relatório de 345 páginas marca a conclusão da investigação de Hur.

    “Memória significativamente limitada”

    De acordo com o relatório, os investigadores descobriram que a “memória de Joe Biden era significativamente limitada” em entrevistas que conduziram com ele em 2023, bem como em entrevistas com seu escritor fantasma.

    Por causa disso, escreveu o procurador especial Robert Hur no relatório, os investigadores concluíram que “seria difícil convencer um júri de que deveriam condená-lo – então um ex-vice-presidente com quase oitenta anos – por um crime grave que requer um estado mental de obstinação.”

    “O senhor Biden provavelmente se apresentaria a um júri, como fez durante nossa entrevista, como um homem idoso, simpático, bem-intencionado e com memória fraca”, escreveram, acrescentando que o democrata “é alguém por quem muitos jurados vão querer identificar dúvidas razoáveis”.

    Hur também escreveu que o governo não acreditava que pudesse provar que Biden “pretendia fazer algo que a lei proíbe”.

    Biden foi “enfático”, segundo o relatório, ao afirmar que seus cadernos manuscritos contendo informações confidenciais eram sua propriedade, dizendo em seu depoimento ao gabinete do procurador especial que “todos os presidentes antes de mim fizeram exatamente a mesma coisa”.

    Investigadores encontraram materiais na garagem de Biden

    Ainda segundo o relatório, “agentes do FBI recuperaram esses materiais da garagem, dos escritórios e do porão da casa do Sr. Biden em Wilmington, Delaware”.

    Joe Biden também manteve “cadernos confidenciais em espaços inseguros e não autorizados nas casas da Virgínia e Delaware” depois de deixar a vice-Presidência.

    Os materiais incluíam “documentos confidenciais marcados sobre política militar e externa no Afeganistão e cadernos contendo entradas manuscritas do Sr. Biden sobre questões de segurança nacional e política externa que implicam fontes e métodos de inteligência sensíveis”.

    Diferenças entre investigações contra Trump e Biden

    O procurador especial Robert Hur observou em seu relatório que havia distinções entre os casos de manipulação de documentos confidenciais de Donald Trump e Joe Biden.

    Entre eles está o fato de os Arquivos Nacionais terem repetidamente tentado, sem sucesso, recuperar documentos na posse de Trump. A certa altura, o FBI, que é a agência nacional de investigações dos EUA, obteve um mandado de busca para revistar uma propriedade do empresário na Flórida.

    Os advogados de Biden, por outro lado, notificaram o Arquivo Nacional dos materiais encontrados em sua posse.

    Os documentos foram descobertos em 2 de novembro, apenas seis dias antes das eleições de meio de mandato, mas os advogados do presidente só reconheceram publicamente a descoberta dos arquivos em 7 de novembro, quando surgiram notícias sobre a descoberta.

    “Mais notavelmente, depois de ter múltiplas chances de devolver documentos confidenciais e evitar processos, o Sr. Trump supostamente fez o oposto”, escreveu Hur.

    “De acordo com a acusação, ele não só se recusou a devolver os documentos durante muitos meses, mas também obstruiu a justiça ao recrutar outros para destruir provas e depois mentir sobre isso”, continuou.

    “Em contraste, o Sr. Biden entregou documentos confidenciais ao Arquivo Nacional e ao Departamento de Justiça, consentiu na busca em vários locais, incluindo suas casas, sentou-se para um depoimento voluntário e de outras maneiras cooperou com a investigação”, concluiu o procurador especial.