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    Biden decide manter o prazo de 31 de agosto para retirada dos EUA do Afeganistão

    Após o Talibã negar extensão do prazo, governo americano opta por manter o acordo prévio para evitar riscos

    Kevin Liptakda CNN

    Mesmo enquanto os Estados Unidos tiram dezenas de milhares de pessoas do Afeganistão diariamente, a situação no país continua desesperadora e muitos afegãos que ajudaram no esforço de guerra ainda estão esperando sua vez de partir. Autoridades americanas descreveram em termos rígidos a ameaça real de ataques terroristas no aeroporto de Cabul, em um momento em que a multidão se aglomera do lado de fora dos portões.

    Os assessores de Biden esperavam que ele discutisse a ponte aérea e, potencialmente, explicasse sua decisão de partir no final do mês, em uma videoconferência com os chefes das principais democracias do mundo.

    Biden falou por sete minutos sobre o assunto na reunião do G7 desta terça-feira (24), disse a Casa Branca, e ainda fará mais comentários no mesmo dia.

    As conversas sobre a crise do G7 ocorrem no momento em que o esforço de evacuação do Afeganistão ganhou força nos últimos dias, agora ultrapassando em muito as metas diárias iniciais do governo. A Casa Branca disse na terça que 12.700 pessoas foram evacuadas por 37 voos militares dos EUA e 8.900 foram evacuadas por voos da coalizão nas últimas 24 horas. O Pentágono acrescentou que os militares aumentaram o ritmo de voos de Cabul para uma aeronave a cada 45 minutos.

    No total, a Casa Branca diz que os esforços dos EUA facilitaram a evacuação de aproximadamente 58.700 pessoas desde 14 de agosto e 63.900 desde o final de julho. Aproximadamente 1.000 afegãos chegaram ao Aeroporto Internacional de Dulles nos arredores de Washington, DC, nas últimas 24 horas, de acordo com o Pentágono.

    O enorme empreendimento logístico dos militares americanos – que assumiram o controle de parte do aeroporto internacional de Cabul, incluindo o gerenciamento do tráfego aéreo, após a tomada do Talibã – permitiu que outros países evacuassem seus cidadãos. Se os EUA se retirarem, não está claro se os civis de outros países ainda poderão partir.

    Apesar dos voos em grande escala, alguns dos conselheiros de Biden estavam preocupados com a segurança das tropas dos EUA e o potencial de represálias do Estado Islâmico ou do Talibã caso permaneçam além da data estipulada, 31 de agosto. Representantes do Talibã declararam que o prazo é inflexível e disseram que se as tropas americanas permanecerem além da data, isso equivaleria a uma “violação clara” de seu acordo com os Estados Unidos.

    O governo norte-americano manteve as discussões diárias com o Talibã sobre questões de segurança, incluindo o prazo do final. O diretor da CIA, Bill Burns, viajou ao Afeganistão esta semana para se encontrar com o líder do Talibã, Abdul Ghani Baradar, de acordo com altos funcionários do governo, que disseram que os EUA estão buscando um entendimento mais claro de onde o Talibã se posiciona em várias questões, enquanto o relógio avança para o prazo final.

    Burns, um diplomata experiente, é a autoridade americana de mais alto escalão a se encontrar pessoalmente com a liderança do Talibã desde a queda do governo civil do Afeganistão em 15 de agosto.

    Alguns membros da equipe de segurança nacional do presidente alertaram contra uma prorrogação. Em vez disso, eles apontaram para os voos rapidamente acelerados para fora do país e disseram que ainda acreditam que há tempo para completar a missão antes de setembro.

    “Acreditamos que temos tempo entre agora e o dia 31 para tirar qualquer americano que queira sair”, disse o assessor de segurança nacional Jake Sullivan a repórteres na segunda-feira (23).

    Qualquer extensão provavelmente teria sido muito breve e focada apenas na evacuação de americanos, de acordo com uma autoridade familiarizada com o assunto, que disse que todas as contingências estavam em discussão. O Talibã deixou claro que a “liderança tomará as decisões adequadas e necessárias” caso os EUA permaneçam até 31 de agosto, disse o porta-voz Sohail Shaheen na segunda-feira.

    “31 de agosto é o prazo anunciado por eles”, disse o porta-voz do Talibã. “Os EUA devem concluir à remoção de tropas do Afeganistão até esta data. Caso contrário, será uma violação clara.”

    A reunião de emergência do G7 foi convocada esta semana para responder aos eventos caóticos em Cabul, onde dezenas de milhares de estrangeiros e cidadãos afegãos que ajudaram no esforço de guerra estão tentando desesperadamente sair.

    A Grã-Bretanha e a França, em particular, estão pressionando Biden a deixar as tropas no país por mais alguns dias, argumentando que isso ainda permitiria que ele cumprisse sua data original de retirada do 11 de setembro para as forças americanas. Eles esperam que Biden concorde e acreditam que isso seria uma demonstração de boa vontade depois que sua decisão de se retirar do Afeganistão causou tensão nas alianças dos EUA.

    Até mesmo alguns democratas americanos concordam; O presidente da Câmara de Inteligência, Adam Schiff, saiu de uma entrevista confidencial com oficiais de inteligência na segunda-feira pessimista de que o governo Biden será capaz de cumprir sua meta de evacuar todos os americanos e seus aliados do Afeganistão até 31 de agosto, dizendo que isso era “muito improvável”.

    “É difícil para mim imaginar que tudo isso possa ser realizado até o final do mês”, disse Schiff, acrescentando que está preocupado com a ameaça terrorista ao aeroporto.

    Houve outra reunião informativa de todos os membros da Câmara sobre o Afeganistão na terça-feira de manhã. Os principais membros da equipe de segurança nacional de Biden, incluindo os secretários de Estado e de Defesa, deram instruções aos legisladores. Esse grupo também deve informar Biden na Casa Branca.

    Os membros do G7 também planejaram na terça discutir se ou quando deveriam reconhecer em conjunto o Talibã como o governo do Afeganistão, disseram autoridades ocidentais familiarizadas com o planejamento à CNN. Qualquer decisão sobre reconhecer ou não o Talibã teria consequências enormes, que poderiam ser usadas como alavanca para obrigar o grupo a respeitar os direitos humanos, disseram as autoridades.

    O primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que é anfitrião da reunião como o atual presidente do G7, está defendendo uma abordagem unificada sobre o grupo islâmico, de acordo com autoridades ocidentais. Ele quer que as principais democracias do mundo elaborem um plano sobre como reconhecer o governo, ou potencialmente aplicar sanções econômicas e suspender a ajuda.

    Até agora, nenhum governo reconheceu o Talibã como o governo oficial do Afeganistão. Isso poderia permitir ao país o acesso à ajuda externa previamente comprometida. Potências não pertencentes ao G7, como China e Rússia, também estiveram em contato com os militantes.

    Biden disse que deseja ver “condições severas” aplicadas ao Talibã, especialmente na forma como tratam mulheres e meninas, antes de conferir legitimidade ao governo. Ele disse no domingo que está aberto à aplicação de sanções.

    (Texto traduzido. Leia o original em inglês.)

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