Autoridades dos EUA viajarão ao México para discutir soluções sobre fronteira
Governo de Joe Biden enfrenta pressões sobre questão fronteiriça
Autoridades dos Estados Unidos viajarão ao México nesta quarta-feira (27) para buscar ajuda do governo mexicano para lidar com a imigração entre os países.
Participarão do encontro o secretário de Estado, Antony Blinken; o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas; e a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Liz Sherwood-Randall.
A imigração tem sido uma vulnerabilidade política para o presidente Joe Biden e membros do partido Democrata devido à situação na fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Em dezembro, a questão passou para o centro da agenda de política externa do presidente, enquanto a Casa Branca mantém seus esforços para angariar apoio para Ucrânia e Israel.
A falta de consenso sobre as mudanças na política fronteiriça impediu Biden de garantir bilhões de dólares em financiamento para a Ucrânia, Israel e a fronteira antes do final do ano.
Antes da reunião de quarta-feira, as autoridades da Segurança Interna discutiram uma série de caminhos pelos quais o México pode seguir a fim de reduzir o número de pessoas na fronteira dos EUA.
Entre as propostas debatidas estão a transferência de migrantes para o sul, a triagem das ferrovias que os migrantes usam para se deslocar para o norte e a provisão de incentivos para não viajar para a fronteira, tais como vistos.
Em janeiro, Biden se reuniu no México com o presidente do país, Andrés Manuel López Obrador; e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, para discutir os fluxos migratórios na região.
Quase um ano depois – e apesar de uma série de medidas destinadas a dissuadir a migração irregular – o número recorde de migrantes que se deslocam pela fronteira segue sendo um desafio para os Estados Unidos e o México.
Nas últimas semanas, uma nova leva de migrantes que fogem das condições de deterioração nos seus países de origem sobrecarregou os recursos federais e estatais. Antigos e atuais funcionários da Segurança Interna alertaram que a fronteira está se aproximando de um “ponto de ruptura”.
Necessidade urgente por medidas
Na semana passada, Biden ligou para López Obrador quando a situação na fronteira sul dos EUA piorou.
Durante a chamada, os líderes concordaram que medidas coercitivas adicionais eram “urgentemente necessárias” para que os principais portos de entrada, que tinham sido suspensos, pudessem ser reabertos para redirecionar e ajudar o processamento de migrantes.
Historicamente, os Estados Unidos confiaram no México para conter o fluxo de migrantes que viajam para a fronteira norte-americana.
Contudo, ambos os países enfrentam dificuldades semelhantes, uma vez que o número de migrantes que atravessam o México excede os seus recursos.
“Os mexicanos ainda têm capacidade relativamente limitada”, disse Earl Anthony Wayne, ex-embaixador dos EUA no México e pesquisador de políticas públicas no Wilson Center.
“A sua força de imigração é subfinanciada e pequena. Além disso, ocasionalmente usam a Guarda Nacional para deter pessoas, mas isso só serve para retê-las por curtos períodos de tempo e não parece funcionar muito bem. E ainda existem redes de contrabando”, acrescentou.
As autoridades mexicanas lidam atualmente com milhares de migrantes que deixaram Tapachula, localizada no sul do México, no domingo (24), numa longa viagem a pé até aos Estados Unidos.
Muitos dos migrantes são provenientes da América Central e do Sul, bem como das Caraíbas, de Cuba e do Haiti.
As caravanas, como a que partiu no fim de semana, são frequentemente divididas ao longo das semanas que levam para chegar à fronteira sul dos EUA, por isso não está claro quantos migrantes chegarão à fronteira entre os EUA e o México.
O número de migrantes que chegam também tem sido difícil para as autoridades dos EUA gerirem porque não há espaço de detenção suficiente ou voos de repatriamento para aqueles que não se qualificam para asilo.
Já no norte do México, mais de 11 mil migrantes continuam acampados esperando para atravessar a fronteira, segundo líderes comunitários.
Muitos desses migrantes esperam entrar nos Estados Unidos por vias legais estabelecidas pela administração Biden, como a aplicação CBP One, que automatiza o agendamento de marcações de asilo com as autoridades fronteiriças, disseram.
*Com informações de Rosa Flores, da CNN Español