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    Autoridades da Ucrânia acusam Rússia de deportar ucranianos para seu território

    O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que mais de 2.000 crianças foram "roubadas" de Mariupol, que está sob ataque russo constante

    Rob Pichetada CNN

    Autoridades ucranianas acusaram o governo russo de se envolver em uma política de deportação, movendo civis – incluindo milhares de crianças – para a Rússia contra sua vontade e detendo-os “como almas para moeda de troca”.

    O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no domingo (27) que mais de 2.000 crianças foram “roubadas” da cidade portuária sitiada de Mariupol, que está sob ataque russo desde os primeiros dias da invasão.

    Chamando a situação na cidade de “catástrofe humanitária”, Zelensky afirmou a jornalistas russos independentes que “de acordo com nossas informações, mais de 2.000 crianças foram retiradas. Isso significa roubadas”.

    “A localização exata delas é desconhecida. Elas podem estar lá com ou sem os pais”, continuou. “No geral, é um desastre. Eu não posso te dizer como isso se parece. É assustador. Eles os mantêm como almas para moeda de troca”, complementou.

    Autoridades do país fizeram alegações semelhantes em relação a outras regiões. A CNN não pôde verificar independentemente as denúncias sobre o número de crianças levadas de Mariupol e outras cidades da Ucrânia para a Rússia.

    O que dizem as partes

    O Ministério da Defesa russo disse pela primeira vez em 20 de março que 16.434 pessoas, incluindo 2.389 crianças, foram retiradas de vários locais no dia anterior.

    Entre as localidades estavam a República Popular de Donetsk, apoiada pela Rússia, e a República Popular de Luhansk, ainda de acordo com o ministério, que destacou que as pessoas saíram por vontade própria.

    Mas, no dia seguinte, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pontuou que o mesmo número de crianças havia sido evacuado à força dessas regiões. “Tais ações são uma violação grosseira do direito internacional, em particular do direito internacional humanitário”, colocou o ministério.

    Desde então, as estimativas da Ucrânia sobre o número de pessoas deportadas para a Rússia aumentaram.

    No sábado (26), a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, disse que o governo ucraniano estimou o número de ucranianos deportados à força para a Rússia desde a invasão em quase 40.000.

    Essas alegações foram reforçadas por Denis Pushilin, líder da República Popular pró-russa de Donetsk, que informou no domingo (28) que cerca de 1.700 pessoas estão sendo “evacuadas” diariamente de Mariupol e outras cidades.

    “Uma média de cerca de 1.700 pessoas estão chegando ao centro de acomodação temporária de Volodar para serem evacuados todos os dias e, por sua vez, o mesmo número de pessoas está saindo”, observou Pushilin em um comunicado no Telegram. Ele se referia a um assentamento conhecido em ucraniano como Nikolske, cerca de 21 km a noroeste de Mariupol.

    “Moradores de Mariupol e outros assentamentos que estão sendo libertados da ocupação do regime de Kiev chegam aqui”, adicionou Pushilin. “As pessoas recebem necessidades básicas, cuidados médicos e depois são evacuadas para a Federação Russa”, finalizou.

    Debate sobre escritório da Cruz Vermelha

    Em meio às falas sobre a suposta política russa, também houve desentendimento sobre o papel da rede humanitária da Cruz Vermelha.

    Na sexta-feira (25), a vice-primeira-ministra da Ucrânia acusou o chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, de tomar uma “decisão muito questionável” de abrir um escritório em Rostov – que fica a cerca de 60 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. Segundo Vereshchuk tal escritório “legitimou” as deportações da Rússia.

    A Cruz Vermelha emitiu uma nota rejeitando essas alegações. O CICV, que geralmente mantém um perfil público discreto, respondeu após o que chamou de “informação falsa circulando online” de que estaria ajudando a Rússia a retirar dezenas de milhares de pessoas do país.

    A organização destacou que não tinha escritório em Rostov, mas está “aumentando nossa configuração regional para poder responder às necessidades onde as vemos. Nossa prioridade é garantir que um suprimento constante de ajuda para salvar vidas chegue às pessoas, onde quer que estejam”.

    *Nathan Hodge, Andrew Carey e Olga Voitovych, da CNN, contribuíram com a reportagem.

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