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    Atraso em missão de repatriação causa revolta: “perdemos a esperança”

    Brasileiras no Líbano relatam desespero em meio a bombardeios israelenses no Líbano

    Salvador Stranoda CNN

    O anúncio do adiamento em 24 horas do primeiro voo de repatriação da FAB no Líbano foi recebido com tristeza pela comunidade brasileira no país.

    Cerca de 240 cidadãos dariam início à viagem de volta ao Brasil nesta sexta-feira (4), mas o bombardeamento das regiões próximas ao aeroporto de Beirute obrigou a Força Aérea Brasileira a postergar a missão.

    são três mil inscritos na fila por uma vaga.

    “É claro que estamos agradecidos que o governo conseguiu fazer a repatriação, mas infelizmente são só 240 pessoas. Sabemos que não será nada fácil daqui pra frente. Estamos mantendo a nossa fé, mas sabemos que são muitas as brasileiras passando por situações de urgência”, disse à CNN Brasil Leni Souza, que está abrigada numa cidade montanhosa nos arredores de Beirute.

    Apesar da urgência, Leni conta que não foi contatada por qualquer autoridade consular brasileira. E que se informa apenas pelo grupo de mensagens da Embaixada do Brasil no Líbano.

    Essa mesma situação foi relatada por outras duas brasileiras que aguardam repatriação e que foram ouvidas pela CNN Brasil.

    Rajaa Ibrahim e seus dois filhos, Alícia e Ibrahim • Arquivo pessoal

    Rajaa Ibrahim, que mora no Líbano há cinco anos e está abrigada em sua casa numa cidade ao norte de Beirute, espera para ser repatriada junto com seus dois filhos — Alícia, de nove anos, e Ibrahim, de sete.

    Os pais de Rajaa moram em Foz do Iguaçu, no Paraná, onde ela pretende ficar hospedada até o fim do conflito entre o Hezbollah e Israel.

    “Estou com muito medo de não conseguir sair daqui. Eu tento explicar para os meus filhos que estamos passando por uma guerra. Mesmo que você tente acalmar eles, não é fácil para uma criança estar o tempo todo assustada. A gente ouve barulho de caças e bombardeios o tempo inteiro. Não sabemos se estamos sob mais risco em casa ou na rua”, afirma Rajaa.

    A situação é ainda pior para quem morava no sul do Líbano. O Hezbollah e Israel trocam tiros na fronteira há praticamente um ano, quando o grupo militante declarou “solidariedade” ao ataque do Hamas que deixou mais de 1,2 mil mortos em Israel.

    Agora, o cenário está ainda mais grave. Desde o início da semana, as Forças de Defesa de Israel deram início a uma operação por terra no território libanês. E na madrugada desta sexta-feira (4), a Força Aérea Israelense bombardeou a principal passagem terrestre entre o Líbano e a Síria, por onde os refugiados tentavam deixar o país.

    Família de Sônia Luzia da Silva está abrigada num apartamento com mais de 30 pessoas • Arquivo pessoal

    Sônia Luzia da Silva, que nasceu no interior do Mato Grosso do Sul e morava perto da fronteira com Israel, deixou sua cidade em direção a Beirute diante da escalada da violência. Agora, está abrigada junto com seus dois filhos, de seis e 14 anos, e o marido num apartamento na capital com outras trinta pessoas.

    “Nós estamos sob bombardeio há um ano. O psicológico da gente está tão abalado que estamos perdendo a esperança. A nossa esperança é a repatriação do governo. Não tem como sair. Estamos presos dentro do Líbano. É uma impotência tão grande. Não dá pra explicar”, afirma Sônia.

    Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio

    ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.

    O que se sabe sobre o ataque do Irã contra Israel

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