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    Ato contra antissemitismo reúne 180 mil na França

    Presença de líder da extrema-direita, Marine Le Pen, causou polêmica

    Manifestantes em ato contra antissemitismo na França.
    Manifestantes em ato contra antissemitismo na França. Reuters

    Priscila Yazbekda CNN

    Paris

    Os protestos contra o antissemitismo na França, desencadeados pela guerra entre Israel e Hamas, reuniram 105 mil manifestantes apenas em Paris neste domingo (13). Um dos destaques da manifestação foi a participação de Marine Le Pen e de membros do seu partido de extrema-direita Rassemblement National (Reagrupamento Nacional), criticados por posicionamentos passados considerados antissemitas.

    Foi a maior mobilização contra o antissemitismo no país desde o protesto contra os atos de vandalismo no cemitério judeu em Carpentra, no sul da França, em 1990, segundo a BFM TV, afiliada da CNN.

    Políticos como a primeira-ministra francesa Elizabeth Borne e os ex-presidentes François Hollande e Nicolas Sarkozy participaram da manifestação. Juntos, eles carregaram uma faixa dizendo: “Pela República, contra o antissemitismo”.

    Manifestantes também marcharam em Nice, Lyon e Marseille, mas em protestos de menor dimensão. Ao todo, mais de 182 mil pessoas foram às ruas em todo o país, segundo dados do Ministério do Interior francês, o equivalente ao Ministério de Segurança no Brasil.

    O presidente francês Emmanuel Macron não participou das manifestações, mas em uma carta publicada no jornal Le Parisien, ele condenou “o insuportável ressurgimento do antissemitismo desenfreado”. E disse que mais de 1 mil atos antissemitas foram registrados na França em um só mês, um número três vezes maior do que em todo o ano de 2022.

    Nas redes sociais, Macron afirmou ainda que “uma França onde os nossos concidadãos judeus têm medo não é a França”.

    Marine Le Pen durante entrevista à Reuters em Paris / 29/03/2022 REUTERS/Sarah Meyssonnier

    A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, também compareceu aos protestos junto aos líderes do seu partido Reagrupamento Nacional, mesmo após críticas de opositores. Ainda que marchando um pouco mais atrás e um tanto isolados, Le Pen e seus correligionários defenderam sua presença nos protestos. “Estamos exatamente onde deveríamos estar”, disse Le Pen.

    O pai de Marine Le Pen, Jean-Marie Le Pen, disse em 1987 que as câmaras de gás dos campos de concentração nazistas eram um “ponto de detalhe na história da Segunda Guerra Mundial”. Ele foi condenado pela Justiça pelos comentários, que levaram ao processo de “demonização” do partido Reagrupamento Nacional, à época chamado de Frente Nacional.

    Jean-Marie Le Pen foi condenado inicialmente nos anos 90, mas reiterou os seus comentários em 2015, o que o levou a ser excluído do partido por Marine Le Pen. Ele foi condenado novamente em abril de 2016 a pagar uma multa de 30 mil euros.

    O líder da extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon, criticou a marcha com a participação de Marine Le Pen, e o seu partido França Insubmissa (La France Insoumise) realizou o seu próprio protesto contra o antissemitismo no início do domingo.

    Presidente francês, Emmanuel Macron / 20/10/2023 REUTERS/Benoit Tessier

    Após comentar bombardeio de civis, Macron liga para presidente de Israel

    Também no domingo, o presidente francês Emmanuel Macron reiterou a solidariedade da França com Israel, depois de ter sido criticado por Israel por comentários em uma entrevista.

    Na sexta, Macron disse à BBC que um cessar-fogo é “a única solução” para a situação em Gaza, e acusou Israel de atacar civis. “De fato, hoje os civis são bombardeados. Estes bebês, estas senhoras, estes idosos são bombardeados e mortos. Portanto, não há razão para isso, nem legitimidade. Por isso, instamos Israel a parar”, disse à BBC.

    Depois do comentário sobre bombardeios a civis, Macron ligou para o presidente de Israel, Isaac Herzog, no domingo. Segundo comunicado do Palácio do Eliseu, Macron disse que Israel tem o direito de se defender “em conformidade com o direito humanitário internacional” e acrescentou que “a ameaça de grupos terroristas em Gaza tinha de ser eliminada”.

    A presidência israelense falou que o presidente francês “esclareceu” no telefonema as declarações que “causaram muita dor e aborrecimento em Israel.”