Ato com nudez gera polêmica dias antes de votação de nova constituição no Chile
Um grupo conhecido como "Las Indetectables" fez uma apresentação apelidada "Abortar Chile", que incluía homens nus e uma alusão ao aborto envolvendo a bandeira chilena
Uma semana antes de os chilenos votarem uma proposta de constituição que promete grandes mudanças nas instituições do país, uma performance controversa defendendo sua aprovação viralizou neste domingo (28), oferecendo munição aos oponentes e causando dores de cabeça nos apoiadores.
Em um evento promovendo a nova constituição na cidade portuária de Valparaíso, um grupo conhecido como “Las Indetectables” fez uma apresentação apelidada “Abortar Chile”, que incluía nudez e uma alusão ao aborto envolvendo a bandeira chilena.
“Abortar Chile significa abortar o que eles nos ensinaram”, disse um dos participantes no vídeo da apresentação que circulou nas mídias sociais.
Tanto opositores quanto apoiadores do novo texto constitucional proposto, que busca substituir o herdado da ditadura de Augusto Pinochet, condenaram a performance e até anunciaram ação judicial.
“Acabei de ver um vídeo de como eles colocaram a bandeira chilena em uma certa parte (do corpo) em um ato a favor da aprovação em Valparaíso”, tuitou o senador Matías Walker, que se opõe à proposta de constituição.
Acabo de ver un video de como se pasaron la bandera chilena por cualquier parte en un acto del apruebo en Valparaíso. No lo voy a difundir, porque lo pueden ver niños. Que contraste con este lindo video de nuestro himno nacional en la franja del #Rechazo. No nos equivocamos. https://t.co/XL8wm7uA0t
— Matías Walker Prieto (@matiaswalkerp) August 28, 2022
A campanha oficial pela aprovação da constituição, chamada Aprovação, condenou a performance em comunicado, descrevendo-a como “absolutamente distante dos valores que representam a Aprovação”.
A apresentação pode enfrentar consequências legais. As “Las Indetectables” não responderam imediatamente a um pedido de comentário enviado por meio da conta do grupo no Instagram.
A porta-voz do governo, Camila Vallejo, disse que o subsecretário do governo para a infância entrou com ação no Ministério Público, e que outros tipos de medidas serão avaliados.
“Acho que tudo tem um limite”, disse Vallejo em entrevista a uma rede de televisão local.
“O espaço público é de todos e por isso temos que protegê-lo… aquela (apresentação) não respeitou todos que estavam lá, inclusive as crianças.”
Embora a ideia de redigir uma nova constituição tenha sido amplamente apoiada em um referendo no final de 2020, várias controvérsias sobre o impacto do conteúdo da proposta têm amenizado o apoio.
As pesquisas mais recentes mostram uma vantagem para a opção de rejeitar a proposta.