Ataques em Serra Leoa deixam 20 mortos; cerca de 2 mil presos fugiram
Presidente Julius Maada Bio disse que a maioria dos líderes do ataque foram presos e que esforços para deter outros estão em curso
Vinte pessoas foram mortas e quase 2 mil presos escaparam durante os ataques do último domingo (26) a um quartel militar, uma prisão e outros locais em Serra Leoa, disseram autoridades do país nesta segunda-feira (27).
O país da África Ocidental entrou em pânico nas primeiras horas de domingo, quando os agressores dispararam contra a capital Freetown. O governo culpou os “soldados renegados” que disse terem sido repelidos.
O presidente Julius Maada Bio disse em um discurso que a maioria dos líderes do ataque foram presos e que esforços para prender outros estavam em curso. Uma investigação foi iniciada, disse ele.
O porta-voz do Exército, coronel Issa Bangura, disse à Reuters que os 20 mortos incluíam 13 soldados, três agressores, um policial, um civil e alguém que trabalhava na segurança privada.
Oito pessoas ficaram feridas e três foram presas, acrescentou.
Cerca de 1.890 presos escaparam da prisão central de Pademba Road depois que os agressores invadiram, de acordo com um relatório da situação que as autoridades penitenciárias compartilharam com a Reuters na segunda-feira. Até agora, 23 foram capturados, completou.
Em uma operação de duas horas, os agressores arrombaram o portão principal com um veículo depois de tiros e um lançador de foguetes não terem conseguido violar as defesas da prisão, disse o coronel Shek Sulaiman Massaquoi, diretor-geral interino do Serviço Correcional de Serra Leoa.
Dentro da prisão, na segunda-feira, um repórter da Reuters viu portas de celas arrombadas ou totalmente removidas, além de pilhas de lixo de uma limpeza em andamento.
A polícia instou os presos a retornarem à prisão em um comunicado divulgado na segunda-feira, e ofereceu recompensas ao público por detalhes sobre o paradeiro dos fugitivos ou dos agressores.
Tentativa de paz
A rotina começou a voltar ao normal em Freetown na tarde desta segunda-feira (27), quando lojas e negócios abriram, depois que o governo reduziu o toque de recolher durante todo o dia para o período noturno.
Em uma demonstração de retorno à normalidade, a conta de Bio no X, antigo Twitter, compartilhou uma foto do presidente atrás de sua mesa em seu escritório, dizendo que estava no trabalho.
“A tarefa que temos diante de nós é demasiada grande e urgente para ser descarrilada por aqueles que procuram truncar a paz e a segurança de que desfrutamos como país”, disse ele no post.
Serra Leoa, que ainda está se recuperando da guerra civil que durou de 1991 a 2002, na qual mais de 50 mil pessoas foram mortas, vive um ambiente de tensão desde a reeleição de Julius Maada Bio, em junho.
O resultado do pleito foi rejeitado pelo principal candidato da oposição e questionado por parceiros internacionais, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.
Em agosto de 2022, ao menos 21 civis e seis polícias foram mortos em protestos contra o governo.