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    Ataque no Líbano: Adolescente brasileira e pai “foram achados abraçados na porta de casa”, diz familiar à CNN

    Itamaraty confirmou a morte da adolescente brasileira no Líbano após bombardeios israelenses

    Jussara SoaresMuriel PorfiroPedro Duranda CNNLeticia Martinscolaboração para a CNN

    Ali Hussein Nasser, tio da adolescente brasileira morta no Líbano, afirmou à CNN que o irmão e a sobrinha foram encontrados mortos abraçados na porta de casa, que sofreu um bombardeio por parte de Israel, na segunda-feira (23).

    O ataque foi muito grande, não sobrou nada da casa. Era uma casa de 600 metros. Os dois foram achados mortos na porta de casa, abraçados”, conta o tio da brasileira à CNN.

     

     

    Natural de Balneário Camboriú (SC), Mirna Raef Nasser, de 16 anos, e o pai, Raef Hassain Nasser, de nacionalidade libanesa, foram atingidos por um ataque aéreo em casa na última segunda-feira, de acordo com relato familiar.

    Na sexta-feira (27), o Itamaraty confirmou a segunda morte de um adolescente brasileiro no Líbano após bombardeios israelenses.

    Mirna e Raef foram enterrados hoje (28), segundo o parente. “O enterro foi só com o pessoal do resgate, não tem ninguém da família porque está todo mundo espalhado”, disse Ali.

    Além da mãe, Mirna tem mais três irmãos no meio da guerra entre Israel e Hezbollah. Eles viviam na cidade de Kelya, na região do Vale do Beqaa, a 30 quilômetros de Beirute, capital libanesa.

    O dia do ataque

    Ali conta que tentou conversar com o irmão no dia do bombardeio, mas ele não respondeu às mensagens.

    “Chamei ele [Raef Hassain Nasser] às 09h30 da manhã de lá, 12h30 aqui, para falar sobre os ataques, os bombardeios e ele não me respondeu.Chamei mais uma vez, não respondeu de novo. Depois chamei de novo e a mensagem não foi enviada, não chegou lá. Depois, um primo meu me ligou falando que teve um bombardeio na cidade do meu irmão e aí fiquei mais preocupado. Liguei para um amigo no Líbano que viu que o bombardeio foi perto da casa do meu irmão, mas ele não queria me falar ainda que a casa tinha sido atingida”.

    Segundo Ali, a família do irmão tinha saído de casa, mas planejam voltar. No entanto, perceberam que a região onde estavam ia sofrer ataques e decidiram que não retornariam para casa. 

    “Meu irmão tinha saído de casa de manhã, quando eles viram que isso não ia parar de tarde e que estavam sem roupas para as crianças, ele e a Mirna, que não larga dele, voltaram para casa. Ela falou pra ele: “Ou a gente vive junto, ou a gente e morre junto”, assim que ela falou”.

    “Quando eles saíram de carro, ela mandou mensagem pra mãe dela se despedindo, dizendo: “Se eu fiz alguma coisa me perdoa. Fala para o pessoal me perdoar porque eu sou uma menina boa, nunca fiz nada pra ninguém”. A mãe dela brincou, dizendo que em dez minutos eles voltavam”.

    A fuga da mãe e das crianças

    Ali conta que a cunhada e os outros sobrinhos têm mudado muito de cidade, para fugir dos bombardeios. Segundo ele, a mãe de Mirna ligou pedindo ajuda e ele acionou um primo libanês para encontrá-la, mas por conta das mudanças, ela e as crianças não foram achadas.

    “Você não consegue achar a pessoa nem pra ajudar. Ela se desloca de uma hora pra outra de tão difícil que está as coisas”, afirmou Ali à CNN.

    “A mãe da Mirna me ligou ontem a noite me pedindo ajuda. Querendo tirar as crianças. Agora eles estão perto divisa com a Síria. Ela disse que como Mirna e ela tinham documentos brasileiros, ela queria salvar as crianças e pediu pra eu ver no Brasil se eu posso tirar essas crianças daqui. Eu respondi que o único canal que eu tenho aqui são os jornais e ia ver com o governo pra tirar as crianças porque os tios estão aqui, porque ela ta pedindo. Agora ela está lá na embaixada pra ver como que tá e ver o que vamos fazer”, afirmou o tio de Mirna.

    Entenda o conflito entre Israel e Hezbollah

    Israel tem lançado uma série de ataques aéreos em regiões do Líbano nos últimos dias. Na segunda-feira (23), o país teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.

    Segundo os militares israelenses, os alvos são integrantes e infraestrutura bélica do Hezbollah, uma das forças paramilitares mais poderosas do Oriente Médio e que é apoiada pelo Irã.

    A ofensiva atingiu diversos pontos no Líbano, incluindo a capital do país, Beirute. Milhares de pessoas buscaram refúgio em abrigos e deixaram cidades do sul do país.

    Além disso, uma incursão terrestre não foi descartada.

    O Hezbollah e Israel começaram a trocar ataques após o início da guerra na Faixa de Gaza. O grupo libanês é aliado do Hamas, que invadiu o território israelense em 7 de outubro de 2023, matando centenas de pessoas e capturando reféns.

    Devido aos bombardeios, milhares de moradores do norte de Israel, onde fica a fronteira com o Líbano, tiveram que ser deslocados. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu diversas vezes fazer com que esses cidadãos retornem para suas casas.

    No dia 17 de setembro, Israel adicionou o retorno desses moradores como um objetivo oficial de guerra.

    Um adolescente brasileiro de 15 anos morreu após um ataque aéreo israelense. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades. O governo brasileiro também avalia uma possível missão de resgate.

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