Ataque israelense atinge edifício no centro de Damasco e mata cinco pessoas

Um ataque israelense com míssil no início deste domingo (19) atingiu um prédio no bairro central de Damasco, Kafr Sousa, na Síria, matando cinco pessoas e danificando vários prédios no distrito densamente povoado, disseram testemunhas e autoridades.

O ataque, uma rara ação direcionada a uma área residencial no centro da cidade, ocorreu perto de um complexo de segurança em torno do qual o Irã, aliado da Síria, instalou bases, disseram duas fontes de inteligência.

Um porta-voz militar israelense se recusou a comentar.

Citando uma fonte militar síria, a mídia estatal disse que Israel realizou ataques aéreos contra várias áreas da capital pouco depois da meia-noite, causando cinco mortes e deixando 15 feridos entre civis.

“Causou danos a várias casas de civis e danos materiais a vários bairros de Damasco e arredores”, disse o exército sírio em um comunicado.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Faisal Mekdad, disse que o ataque deve ser considerado um “crime contra a humanidade”, já que ocorreu menos de duas semanas após o terremoto de 6 de fevereiro que deixou mais de 5.800 mortos em todo o país.

Não ficou imediatamente claro se o ataque israelense visava um indivíduo específico, mas duas fontes de inteligência ocidentais disseram que o alvo era um centro de logística no prédio administrado pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC).

O Irã e a Rússia ajudaram o presidente Bashar al-Assad a virar a maré da guerra a seu favor com apoio militar e econômico. Teerã e Moscou condenaram veementemente os ataques e disseram que eles ameaçavam a estabilidade regional.

Edmond Ajji, do diretório de antiguidades da Síria, disse à Reuters que a cidadela histórica da capital sofreu alguns danos no incidente.

Mas duas fontes militares sírias, falando anonimamente porque não estavam autorizadas a falar com a imprensa, disseram que foguetes antiaéreos perdidos disparados em resposta aos mísseis atingiram as proximidades da cidadela.

O principal comandante do Hezbollah pró-Irã, Imad Moughniyeh, foi morto em 2008 em um atentado a bomba em Kafr Sousa, uma área fortemente policiada onde os moradores dizem que várias agências de segurança iranianas estão localizadas, assim como um grande centro cultural.

Embora as autoridades raramente reconheçam a responsabilidade por operações específicas, Israel tem realizado ataques aéreos contra suspeitas de transferências de armas patrocinadas pelo Irã e desdobramentos de pessoal na vizinha Síria por quase uma década.

Israel também intensificou nos últimos meses ataques a aeroportos e bases aéreas sírias para interromper o uso crescente do Irã de linhas aéreas de abastecimento para entregar armas a aliados na Síria e no Líbano, incluindo o Hezbollah, apoiado pelo Irã, do Líbano.

Os ataques fazem parte de uma escalada do que tem sido um conflito de baixa intensidade cujo objetivo era desacelerar o crescente entrincheiramento do Irã na Síria, dizem especialistas militares israelenses.

Assad nunca reconheceu publicamente que as forças iranianas operam em seu nome na guerra civil da Síria, dizendo que Teerã tem apenas conselheiros militares no terreno.

(Reportagem adicional de Ari Rabinovitch em Jerusalém)