As principais prisões após o motim no Capitólio até agora
Alguns são acusados de levar armas e bombas ao Capitólio; outros foram fotografados saqueando o prédio
Vinte réus de crimes federais relacionados ao motim pró-Trump da semana passada no Capitólio dos EUA foram detidos em todo o país desde a insurreição.
Alguns dos réus são acusados de trazer armas e bombas ao Capitólio, o que indica o extremismo de partes da multidão. Outros foram fotografados saqueando o prédio, sorrindo enquanto posavam com itens do Congresso, como o atril da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, sentados na mesa de funcionários, ou se gabando publicamente sobre o passeio violento e destrutivo pelo Capitólio.
Armas e bombas trazidas para DC
As mais inquietantes das alegações até agora parecem ser contra Lonnie Coffman, um homem do Alabama detido depois que as autoridades encontraram 11 bombas caseiras, um rifle de assalto e uma pistola em sua caminhonete estacionada a dois quarteirões do Capitólio.
A caminhonete passou toda a manhã de quarta-feira (6) durante o comício pró-Trump, e Coffman foi preso enquanto tentava retornar ao veículo após o anoitecer.
Em outro caso surpreendente, Cleveland Grover Meredith Jr. é acusado de escrever em mensagens de texto que queria atirar na presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e que havia trazido centenas de cartuchos de munição e três armas para Washington, DC, depois de dirigir do Colorado até a capital, de acordo com registros do tribunal.
Na noite de domingo (10), as autoridades prenderam mais dois homens, Eric Munchel, do Tennessee, e Larry Rendell Brock, do Texas. Ambos chamaram a atenção online por causa de fotos que os mostravam usando colete à prova de balas dentro do prédio do Capitólio e carregando fitas de plástico que poderiam ser usadas para conter uma pessoa.
Munchel foi parado pela primeira vez pela polícia em 6 de janeiro porque carregava um Taser para autoproteção enquanto participava do comício, de acordo com seus documentos de acusação recém-divulgados, mas só foi preso no dia 10.
O FBI acompanhou as imagens de Munchel saindo do hotel sem máscara e carregando uma bebida pouco antes de o presidente Donald Trump começar a falar com seus apoiadores naquele dia.
Munchel é acusado de entrar em áreas restritas do Capitólio e de entrada violenta ou conduta desordeira. Ele ainda não compareceu ao tribunal federal de DC, onde é acusado.
O desenrolar do “terror”
À medida que novos detalhes surgem, torna-se óbvio que os legisladores enfrentaram um perigo mais sério do que foi entendido enquanto o ataque se desenrolava ao vivo na televisão.
“O que estava passando pela minha cabeça era, francamente, terror”, disse a deputada democrata Susan Wild ao programa “New Day” da CNN dos EUA na semana passada, depois de ter que se abrigar no chão da Câmara.
“Estávamos presos… Eu tinha uma caneta no bolso que poderia usar como arma e também procurava outras armas” enquanto a multidão violenta invadia o prédio, contou o deputado democrata Jason Crow, que serviu como Ranger do Exército no Iraque e no Afeganistão, também no programa “New Day”.
Michael Sherwin, principal promotor federal em Washington, disse que esperava que centenas de pessoas pudessem ser indiciadas após o ataque, e as investigações podem levar meses para serem totalmente entendidas.
“Eu não ficarei surpreso se encontrarmos afiliações soltas de grupos que foram organizados e tinham planos em vigor”, disse Sherwin. “Vimos isso em alguns desses indivíduos que identificamos. Eles parecem quase paramilitares, certo? Têm uniforme, comunicação, toda a parafernália. Isso dá indicações de afiliação e um comando e controle. Portanto, acredito que vamos encontrar essas marcas”.
Manifestantes virais
Um dos réus federais até agora, Jacob Chansley (aquele que entrou no Capitólio sem camisa, um cocar de pele de urso, pintura facial e chifres e foi capturado em muitas imagens da multidão) já disse ao FBI que foi a Washington “como parte de um esforço de grupo, com outros ‘patriotas’ do Arizona, a pedido do presidente para que todos os ‘patriotas’ viessem a DC em 6 de janeiro de 2021”, segundo seus documentos judiciais.
Outros acusados de participar da confusão, como o fundador do Proud Boys Hawaii, Nick Ochs, e Joshua Pruitt, identificado em um vídeo de novembro recitando um juramento aos Proud Boys, parecem ter se aliado a grupos marginais que seguiram Trump, como os Proud Boys e QAnon.
Ochs, que foi acusado de entrada ilegal em prédios ou terrenos restritos, foi libertado da prisão na segunda-feira (11) e aguarda julgamento.
No tribunal em Honolulu na segunda-feira, o juiz Wes Reber Porter concluiu que Ochs não tinha condenações anteriores e concedeu uma fiança de US$ 5.000 (cerca de R$ 27 mil). O advogado de Ochs, Myles Breiner, disse à CNN que Ochs foi libertado sob uma “fiança de assinatura”, o que significa que ele não precisou colocar nenhum dinheiro para a libertação.
Ochs foi preso na última quinta-feira (7) no Aeroporto Internacional Daniel K. Inouye, em Honolulu, quando voltava de Washington. Os investigadores citaram sua entrevista com a CNN e uma foto tuitada com a legenda “Hello from the Capital lol” (“Olá do Capitólio, hahaha”) em seu documento de acusação.
O juiz ordenou que Ochs permanecesse na ilha havaiana de Oahu, onde mora, antes de sua próxima audiência no tribunal em 27 de janeiro perante um magistrado em Washington.
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Vários outros que não foram acusados de crimes perderam seus empregos por participarem do comício em que Trump falou. Um homem, Derrick Evans, renunciou ao cargo recentemente conquistado na Câmara dos Delegados da Virgínia Ocidental depois que promotores federais o acusaram.
Ele disse que assumiu a responsabilidade por suas ações, que supostamente incluíam a transmissão ao vivo de sua entrada no edifício do Capitólio e gritos: “Estamos dentro! Estamos dentro, baby!” Mais tarde, um homem se aproximou dele e apertou sua mão, dizendo: “Bem-vindo ao Congresso”.
Próximos passos
Vários dos réus federais devem comparecer ao tribunal para os procedimentos iniciais e audiências de detenção nos próximos dias, com mais prisões provavelmente ocorrendo, o que pode revelar como os outros estavam armados e preparados na multidão.
Nenhum dos 20 réus federais foi formalmente indiciado por um grande júri ainda, um processo que provavelmente fornecerá mais detalhes publicamente sobre a gravidade da violação.
A investigação criminal de longo alcance ainda está em seus estágios iniciais. Sherwin disse no domingo que centenas de pessoas podem ser acusadas, enquanto o FBI divulgou mais de 40 imagens de pessoas dentro ou ao redor do Capitólio que busca ajuda para identificar.
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Elas incluem a imagem de um homem suspeito de colocar bombas tubo fora dos edifícios da sede do Partido Republicano e Democrata perto do Capitólio. O FBI está oferecendo uma recompensa de até US$ 50.000 (cerca de R$ 274 mil) para ajudar a encontrar a pessoa.
Andy Rose e Caroline Kelly, da CNN, contribuíram para esta reportagem.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).