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    Jacinda Ardern, Alexei Navalny, OMS: a lista diversa para o Nobel da Paz 2020

    Da CNN

    Depois de um ano brutalmente dominado por conflitos, divisões, incertezas econômicas e uma pandemia, a entrega do Prêmio Nobel da Paz em 2020 irá marcar um momento raro de esperança.

    O vencedor do Nobel da Paz deste ano será anunciado na sexta-feira (9), ao fim de uma semana recheada de notícias sobre a premiação – que perderam notoriedade para as veiculações sobre a pandemia – mas ainda assim conseguiram atrair especulações ao redor do mundo.

    “Neste ano, tenho menos certeza (de quem irá ganhar) do que há muito tempo”, disse o diretor do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz, Dan Smith, à CNN.

    Como sempre, os nomes dos candidatos são fortemente guardados pelo Comitê Norueguês do Nobel. São 318 candidatos, dos quais 211 são pessoas e 107 são organizações. Pela tradição, os nomes são mantidos em segredo por 50 anos.

    Mas especialistas acreditam que os jurados deste ano estão mais conscientes do que nunca sobre o significado do prêmio.

    “Acredito que, com frequência, eles querem enviar uma mensagem quando concedem o prêmio”, disse Smith. “Acima de tudo, devem tentar transmitir uma mensagem de esperança e de crença de que as coisas podem melhorar.”

    Um Nobel da Paz da Covid?

    Os favoritos para o Nobel da Paz deste ano são fortemente influenciados pelos eventos de um ano excepcionalmente volátil; a Organização Mundial da Saúde (OMS) está no topo da lista de apostas depois de dez meses enfrentando a pandemia do novo coronavírus. O movimento Black Lives Matter também é considerado por alguns especuladores por levar as questões do racismo sistêmico e brutalidade policial para as conversas globais.

    A escolha por qualquer um dos dois seria interpretada, em alguns setores, como uma decisão política incomum; a OMS tem sido criticada, principalmente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela maneira como escolheu lidar com a Covid-19, embora a organização tenha sido fortemente defendida pela grande maioria dos líderes globais.

    Mas especialistas em Nobel dão pouca importância às opiniões de apostadores e acreditam ser improvável que a OMS ou o Black Lives Matter levem o prêmio.

    Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS
    Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, durante coletiva de imprensa em Genebra
    Foto: Denis Balibouse – 24.fev.2020/ Reuters

    “Sou bastante cético, principalmente por causa das críticas que foram feitas à OMS, embora eu ache que foram exageradas”, disse o diretor do Instituto de Pesquisa para Paz de Oslo (PRIO, na sigla em inglês). “O júri ainda não decidiu quanto à forma como a OMS lidou com a pandemia.”

    O comitê do Nobel frequentemente olha além dos candidatos mais visíveis no ciclo de notícias anual, preferindo destacar pessoas ou organizações cujo trabalho existe há muitos anos e pode não ter chegado aos holofotes globais.

    Isso é o que torna a previsão dos vencedores do Nobel um exercício tão difícil, mas a organização de Urdal tenta cumprir a tarefa e suas listas de cinco vencedores em potencial se provaram corretas nos últimos dois anos.

    Para a próxima semana, Urdal espera que a luta pela liberdade de impressa seja reconhecida. “Esse é o ano em que nós nos concentramos extensivamente tanto na importância de ter informações precisas sobre os conflitos mundiais, como no ambiente cada vez mais difícil para jornalistas e ONGs que operam em cenários de conflito”, disse à CNN.

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    Um número crescente de ataques à liberdade de imprensa aconteceu nos últimos anos, com líderes expressando retórica inflamada e direitos de jornalistas sendo diminuídos em vários países. A escolha do Nobel nessa área também significaria uma preocupação mais ampla com desinformação e notícias falsas.

    O Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) está no topo da lista de Urdal, mas ele também destaca a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) como uma vencedora em potencial. Para Urdal, o prêmio também pode ser concedido a um jornalista individual.

    “Existe uma ligação direta entre o trabalho que os jornalistas estão fazendo e a capacidade da sociedade global de lidar com conflitos”, disse.

    Grupo diverso de candidatos

    Desde que concedeu o Nobel da Paz, em 1901, para o co-fundador da Cruz Vermelha, Henry Dunant, e ao pacifista Frédéric Passy, o Comitê Norueguês do Nobel tem sido notoriamente enigmático sobre seu processo de escolha.

    Neste ano, especialistas acreditam que a revolução popular no Sudão, que depôs o presidente Omar al-Bashir, poderia ser premiada pelo júri, ao lado das Forças para a Liberdade e Mudança (FFC, na sigla em inglês) e ao jovem ativista Alaa Salah, também apontados por Urdal.

    “Acho que o desenvolvimento no Sudão é o processo de transformação de conflito mais significativo que vimos no último ano”, disse. “Minha preocupação é que o novo governo civil seja relativamente fraco, então a situação é bastante frágil”, acrescenta.

    Alexei Nalvany, o político russo de oposição ao presidente Vladimir Putin e crítico ao Kremlin, que foi vítima de um envenenamento quase fatal em agosto, também é apontado por alguns dos observadores do Prêmio Nobel. “Nalvany estava em nossa lista antes de ser envenenado e isso apenas demonstra os desafios atuais de ser um político de oposição na Rússia”, disse Urdal.

    Alexei Navalny falando
    Alexei Navalny, principal opositor do governo do Kremlin
    Foto: Reuters

    Smith também acredita que uma organização global pode ser premiada -escolha que sublinharia o papel que esses grupos desempenham na manutenção da paz em tempos de incerteza. Ele também sugere que a Organização das Nações Unidas (ONU) pode ser uma vencedora em potencial no ano em que completa 75 anos de existência.

    Thunberg pode estar polarizando escolha

    A ativista do clima Greta Thunberg era vista como uma grande concorrente ao prêmio do ano passado. Mas a associação de Thunberg com o prêmio está, de certa maneira, polarizando alguns círculos do Nobel – e se um defensor do clima será ou não homenageado neste ano pode depender de como o comitê define “paz”.

    “Eu ficaria muito surpreso (se Thunberg vencer)”, disse Urdal.

    Greta Thunberg discursa no Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica
    Greta Thunberg discursa no Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica
    Foto: Yves Herman/Reuters (4.mar.2020)

    “É importante ressaltar que o clima é um dos desafios mais sérios que enfrentamos agora”, acrescentou. “O que eu questiono é a ligação entre mudanças climáticas e conflitos armados, que muitas vezes é exagerada.”

    Smith, do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz, vê a situação de maneira diferente. “Existem aqueles que são céticos sobre a ligação entre mudanças climáticas e insegurança”, disse. “Eu não sou um desses. Eu penso que há evidências claras entre mudanças climáticas e segurança.”

    A líder da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, foi apontada com uma possível vencedora no passado, e o sucesso de seu país no combate à Covid-19 só ajudaria para que fosse escolhida. No entanto, sua falta de envolvimento em grandes tratados globais a distancia da maioria dos líderes que receberam o prêmio.

    Premiê da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, durante entrevista coletiva
    Premiê da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, durante entrevista coletiva
    Foto: Martin Hunter – 13.mar.2020 / Reuters

    Trump, que atualmente está internado com o novo coronavírus em um hospital de Washington, DC, também foi apontado para o prêmio, mas a notícia de que teria sido nomeado para o Nobel da Paz foi interpretada de maneira errada por muitos.

    “Ser indicado não é o mesmo que ser considerado como um candidato digno ao prêmio”, observa Urdal. Qualquer um que atenda aos critérios pode ser indicado por outra pessoa ao prêmio, e qualquer presidente dos EUA provavelmente terá seu nome enviado por alguém.

    “Eu diria que Donald Trump absolutamente não é (um possível candidato)”, declara Smith.

    O anúncio de quem receberá o Nobel da Paz de 2020 será feito na sexta-feira (9), no Instituto Norueguês do Nobel. Mas a resposta de quem leva a premiação, discutida a portas fechadas, é tão elusiva como sempre foi.

    (Texto traduzido, clique para ler o original.)

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