Arábia Saudita busca segurança dos EUA como condição para normalizar relação com Israel
As discussões estão em andamento e não ficou claro exatamente como seriam os termos de qualquer acordo
A Arábia Saudita está buscando garantias de segurança e ajuda dos Estados Unidos com seu programa nuclear civil como condição para normalizar as relações com Israel, segundo pessoas a par do assunto, estabelecendo uma decisão crítica que pode reformular a situação política no Oriente Médio.
As discussões estão em andamento e não ficou claro exatamente como seriam os termos de qualquer acordo, se algum dia acontecer.
Aumentar as garantias de segurança para a Arábia Saudita provavelmente enfrentaria forte resistência de alguns membros do Congresso, que pediram ao governo Biden que rebaixasse o relacionamento de Washington com Riad.
Ainda assim, o presidente Joe Biden deu importância à normalização dos laços entre a Arábia Saudita e Israel, assim como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel, que acredita que melhores relações entre as duas nações podem ajudar a aumentar a segurança no Oriente Médio.
Israel e a Arábia Saudita cultivam laços não oficiais há vários anos, embora permaneçam sem relações diplomáticas oficiais.
“Quanto melhores forem as relações entre Israel e seus vizinhos árabes, melhor para todos”, disse Biden nesta sexta-feira (10) ao final de um discurso sobre economia.
Israel já garantiu acordos diplomáticos com outras nações árabes, incluindo Marrocos, Bahrein e Emirados Árabes Unidos. Os Acordos de Abraham foram uma conquista marcante do governo Trump e Biden prometeu desenvolvê-los, especialmente à medida que o programa nuclear do Irã avança.
Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA se recusou a confirmar que a Arábia Saudita estava buscando garantias de segurança dos EUA, que foram relatadas anteriormente pelo Wall Street Journal.
Em vez disso, John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do NSC, apontou as realizações que Biden obteve quando visitou Israel e a Arábia Saudita no verão.
“A viagem do presidente à região foi bem efetiva”, disse Kirby, citando um acordo sobre as contestadas ilhas do Mar Vermelho e um anúncio recente de Omã de que permitiria sobrevoos israelenses.
“Vamos manter essa diplomacia funcionando”, disse ele.
O Departamento de Estado não respondeu a um pedido de comentário. A Embaixada de Israel em Washington não fez comentários.
As consequências de um acordo mediado pelos EUA entre Israel e a Arábia Saudita podem ser generalizadas. Isso colocaria em dúvida o futuro do conflito entre Israel e os palestinos, que voltou a sofrer violência nas últimas semanas sob o governo de direita de Israel.
As autoridades americanas também acreditam que a normalização das relações daria peso a um contrapeso regional contra o Irã, que avançou em seu enriquecimento nuclear em 2022.
No ano passado, Biden prometeu que a Arábia Saudita sofreria “consequências” depois que o cartel de petróleo da OPEP +, liderado pelos sauditas, anunciou inesperadamente que cortaria a produção, embora o governo Biden não tenha planos de tomar medidas proativas para punir o reino do Oriente Médio rico em petróleo.
Nesta sexta, a Arábia Saudita e o Irã anunciaram que concordaram em restabelecer relações diplomáticas após sete anos de hostilidade, em um acordo entre arquirrivais regionais que pode ter amplas implicações para o Oriente Médio.
Riad e Teerã planejam reabrir suas embaixadas em um acordo mediado pela China, disse uma declaração conjunta da Arábia Saudita e do Irã.
Kirby disse que as autoridades sauditas mantiveram a Casa Branca informada sobre as negociações à medida que avançavam, mas ele minimizou o papel de Pequim na intermediação do acordo, dizendo que o roteiro para restabelecer os laços também inclui negociações no Iraque e em Omã.
