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    Após veto de Israel, familiares de brasileiros vivem dilema sobre deixar Gaza

    Nova lista continha mais de 100 pedidos de repatriação

    Fumaça sobre Gaza vista do sul de Israel
    Fumaça sobre Gaza vista do sul de Israel 8/12/2023 REUTERS/Athit Perawongmetha

    Jussara Soaresda CNN

    Brasileiros relataram à CNN que familiares estão inclinados a desistir de deixar a Faixa de Gaza após Israel vetar parte da nova lista com 102 pedidos de repatriação.

    As famílias vivem o dilema de fugir da conflito deixando para trás o parente que não obteve a autorização.

    Dono de um restaurante árabe em Salvador (BA), o comerciante Imad Ahmed Shaheen, de 37 anos, foi comunicado nesta sexta-feira (8) que apenas sua mãe, Basema Shaheen, de 55 anos, teve o aval de Israel para vir ao Brasil.

    O pai, Imad Ahmed Shaheen, de 55 anos, e o irmão Ibrahim Emad Ahmed Shaheen, de 17 anos, foram vetados.

    “Infelizmente, só minha mãe teve a autorização. Ela não vai deixar meu pai e meu irmão. É muito triste. Na semana passada, 12 pessoas da minha família morreram quando o prédio de 6 andares onde vivam no centro de Gaza foi atingindo”, disse à CNN.

    O comerciante mora no Brasil há dez anos e tem a cidadania brasileira. Com o agravamento do conflito, fez contato com a Representação do Brasil junto à Palestina para resgatar a família. Os parentes, segundo Shaheen, estão em um imóvel alugado pela diplomacia.

    “Eles (Israel) não falam o motivo. Minha família está em Rafah (no Sul), nos imóveis alugados pelo Brasil, mas agora não têm mais como voltar para casa”, disse Shaheen.

    Um dos 32 repatriados da primeira lista, o comerciante Hasan Rabeen também foi comunicado nesta sexta-feira que uma das irmãs de não foi autorizada a sair. A mãe e a outra irmão, diante da situação, decidiram que não querem mais deixar Gaza.

    Hasan foi um dos repatriados que, ao desembarcar em Brasília, pediu diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que se empenhasse para trazer os parentes que ficaram em Gaza.

    A família de Hasan vive em Khan Yunis, cidade no Sul de Gaza, que passou a ser alvo de intensos ataques por parte de Israel.

    “Minha família está vivendo já na rua, em barracos. Minha mãe já não quer vir para o Brasil e deixar minha irmã. Não há nenhuma explicação para não terem autorizado”, disse.

    Segundo apurou a CNN com diversas fontes envolvidas na operação, há brasileiros e palestinos vetados.

    A previsão é que o resgate do segundo grupo de brasileiros e parentes próximos em Gaza ocorra ainda neste fim de semana.

    O aviso é para que o grupo esteja preparado para cruzar a passagem de Rafah às 6h deste sábado (9), no horário local.

    As razões dos vetos não foram explicados, segundo integrantes do Itamaraty. Uma tentativa de reverter a decisão de Israel é considerada muito difícil.

    De acordo com fontes diplomáticas, a experiência de outros países que também tiveram saídas não autorizadas indica que não é reversível.

    O veto a alguns nomes já era esperado pelo Itamaraty visto que neste segundo grupo o Brasil ampliou os critérios para incluir palestinos parentes próximos de brasileiros.

    Para fechar a nova lista, o Brasil ampliou o critério em relação à anterior, quando 32 pessoas foram repatriadas. Agora, avós e irmãos mais velhos foram incluídos.

    Na primeira lista entraram apenas pais, filhos e cônjuges — além de brasileiros e cidadãos com dupla nacionalidade. Com isso, a maioria dos nomes, desta vez, é formada por palestinos.

    Procurada, a Embaixada de Israel em Brasília informou apenas que está verificando as informações solicitada pela CNN.