Após prisão do ex-presidente Zuma, violência avança em Joanesburgo
O político foi condenado à prisão por desafiar uma ordem para depor em um inquérito que está investigando corrupção durante seu governo
Lojas foram saqueadas durante a noite, um trecho da rodovia M2 foi fechado e manifestantes empunhando bastões marcharam pelas ruas de Joanesburgo no domingo (11), enquanto atos esporádicos de violência após a prisão do ex-presidente sul-africano Jacob Zuma se espalharam pelo principal centro econômico do país.
A agitação havia se concentrado principalmente na província natal de Zuma, KwaZulu-Natal (KZN), onde ele começou a cumprir uma sentença de 15 meses por desacato ao tribunal na noite de quarta-feira (7).
A sentença de Zuma e sua subsequente prisão foram vistas como um teste à capacidade da nação pós-apartheid de aplicar a lei de forma justa, mesmo contra políticos poderosos, 27 anos depois que o Congresso Nacional Africano (ANC) depôs os governantes da minoria branca para inaugurar a democracia.
Mas sua prisão irritou os apoiadores de Zuma e expôs rachaduras dentro do ANC. A polícia disse que os criminosos estavam aproveitando a raiva para roubar e causar danos. O órgão de inteligência nacional NatJOINTS advertiu que aqueles que incitam a violência podem enfrentar acusações criminais.
O NatJOINTS disse em um comunicado que 62 pessoas foram presas em KZN e Gauteng, a província onde fica Joanesburgo, desde o início da violência.
O Departamento de Polícia Metropolitana de Joanesburgo (JMPD) disse que houve saques no município de Alexandra e no subúrbio de Jeppestown na noite de sábado. A rodovia M2 foi fechada após relatos de tiros disparados contra veículos que passavam.
Uma equipe da Reuters TV viu uma coluna de manifestantes brandindo bastões e tacos de golfe enquanto assobiavam e marchavam pelo Distrito Central de Negócios de Joanesburgo, onde lojas de bebidas alcoólicas foram assaltadas e vitrines quebradas.
A venda de álcool está atualmente proibida sob restrições de bloqueio destinadas a aliviar a pressão sobre os hospitais durante uma grave “terceira onda” de infecções por Covid-19.
O porta-voz da polícia do KZN, Jay Naicker, disse que também houve mais saques em eThekwini, município onde fica Durban. “Vimos muitos criminosos ou indivíduos oportunistas tentando enriquecer durante este período”, disse ele.
Zuma foi condenado à prisão por desafiar uma ordem do tribunal constitucional para depor em um inquérito que está investigando corrupção de alto nível durante seus nove anos no poder até 2018.
Ele nega que tenha havido corrupção generalizada sob sua liderança, mas se recusou a cooperar com o inquérito, que foi iniciado em suas últimas semanas no cargo.
Zuma contestou sua sentença no tribunal constitucional, em parte com base em sua alegada saúde frágil e pelo risco de pegar Covid-19. Este pedido será analisado na segunda-feira (12).
Os líderes do Parlamento disseram no domingo que “simpatizavam com as dificuldades pessoais enfrentadas pelo ex-presidente Jacob Zuma. No entanto, o estado de direito e a supremacia da constituição devem prevalecer”.