Após eleições apertadas, presidente da República Tcheca é hospitalizado
Miloš Zeman, de 77 anos, tem o papel de decidir o próximo primeiro-ministro do país
O presidente tcheco, Miloš Zeman, foi internado neste domingo (10) logo após manter conversas com o primeiro-ministro do país, cuja liderança está em jogo após as eleições deste fim de semana.
Zeman desempenha um papel crucial na nomeação do próximo premiê. Mas o futuro político da República Tcheca agora está incerto, enquanto o presidente está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Militar Central de Praga.
“A hospitalização foi causada por complicações das doenças pelas quais ele vem recebendo tratamento”, disse o médico Miroslav Zavoral em uma breve declaração à imprensa hoje, acrescentando que ainda não pode falar sobre o prognóstico.
Vídeo do lado de fora do castelo presidencial em Lány, a oeste de Praga, mostrou uma ambulância saindo do complexo com escolta policial e limusines.
Zeman, de 77 anos, tem sofrido de vários problemas de saúde nos últimos anos. Seguindo o conselho de seu médico, ele votou nas eleições gerais do país na última sexta-feira (8) a partir do retiro presidencial, em vez de em uma escola em Praga, como havia sido programado anteriormente.
A internação de Zeman no hospital chega em um momento crucial para a decisão da nova liderança da República Tcheca. Uma das principais funções constitucionais do presidente é escolher o próximo primeiro-ministro para formar o governo.
Zeman foi levado ao hospital logo após falar com o primeiro-ministro Andrej Babiš – um dia após uma eleição geral em que o partido governante de Babiš, ANO, parece ter perdido o controle do poder, e as duas coalizões de oposição que ganharam a maioria disseram que planejam formar o próximo governo juntos.
Dia dramático nas urnas
O partido ANO, de Andrej Babiš, foi derrotado por pouco pelas duas coalizões de oposição que tentam derrubá-lo, de acordo com o Escritório de Estatística Tcheco.
A aliança de centro-direita Spolu (Juntos) obteve a maioria dos votos com 27,79% dos votos, seguida pelo partido ANO de Babiš com 27,12% e a coalizão centrista PirStan com 15,62%.
“Nós somos a mudança. Você é a mudança”, disse o líder da coalizão Spolu, Petr Fiala, no sábado, alegando vitória diante de uma multidão.
O líder da coalizão PirStan, Ivan Bartoš, disse que as negociações com Spolu “sobre a possibilidade de formar um novo governo” provavelmente começarão na próxima semana.
“O domínio de Andrej Babiš acabou e os partidos democráticos mostraram que a era do caos provavelmente ficará para trás”, disse Bartoš.
Depois de ganhar 108 dos 200 assentos combinados na câmara, as negociações entre as duas coalizões que fizeram campanha contra Babiš terminaram com os líderes dos cinco partidos nas coalizões assinando um memorando para trabalharem juntos para formar o próximo governo.
Um novo governo distanciaria a República Tcheca dos partidos populistas da Hungria e da Polônia, que vêm sendo cada vez mais criticados por retrocessos dos valores democráticos da União Europeia.
A eleição também ocorre poucos dias depois de uma investigação da Pandora Papers sobre as polêmicas negociações financeiras de Babiš e outros líderes mundiais. O relatório afirma que o primeiro-ministro tcheco transferiu secretamente milhões por meio de empresas offshore para comprar uma propriedade na Riviera Francesa em 2009, antes de entrar na política.
Nas redes sociais, Babiš disse que “nunca fez nada ilegal”.
(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)