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    Após cúpula, Emmanuel Macron deve anunciar retirada francesa do Mali

    França é a principal potência estrangeira que luta contra militantes islâmicos no Sahel

    Presidente da França, Emmanuel Macron
    Presidente da França, Emmanuel Macron Sarah Meyssonnier/Reuters

    John Irishda Reuters

    O presidente Emmanuel Macron deve anunciar a intenção da França de retirar suas forças do Mali, disseram fontes diplomáticas, depois de sediar uma reunião de alto nível na região do Sahel, na África, na quarta-feira.

    Os laços pioraram desde que a junta militar do Mali voltou atrás em um acordo para organizar eleições em fevereiro e propôs manter o poder até 2025. Também enviou empreiteiros militares privados russos, que alguns países europeus disseram ser incompatíveis com sua missão.

    A França tem consultado seus parceiros regionais, europeus e internacionais em meio à deterioração das relações entre Mali e França, a principal potência estrangeira que luta contra militantes islâmicos no Sahel.

    “Amanhã à noite, haverá uma reunião entre o presidente francês e os chefes de estado dos países parceiros de nossa presença na região do Sahel na luta contra o terrorismo”, disse a repórteres o porta-voz do governo francês Gabriel Attal.

    Ele se recusou a dizer se foi tomada uma decisão sobre a retirada das forças, além de dizer que seria tomada de acordo com parceiros europeus e africanos. O ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, disse na segunda-feira que não há mais condições para continuar a luta contra militantes islâmicos no Mali, mas que Paris continuará no resto da região.

    Uma retirada francesa significaria que a força-tarefa Takuba das forças especiais europeias também sairia. Quatro fontes diplomáticas europeias disseram à Reuters que um anúncio será feito antes da cúpula UE-África em Bruxelas na quinta-feira.

    Um documento preliminar visto pela Reuters, distribuído aos países envolvidos no Mali, diz que a França e seus parceiros Takuba “decidiram iniciar a retirada coordenada de seus recursos militares do território maliano”.

    “Não é mais uma questão de se eles vão embora, mas o que acontece com as tropas, o que acontece com a força de paz da ONU e o que acontece com as missões da União Europeia“, disse um diplomata europeu sênior.

    Um funcionário da presidência francesa disse que a ideia seria reduzir as tropas e cooperar exclusivamente com os países que desejam ajuda.

    A França já cortou tropas no Sahel com o objetivo de reduzir o número de cerca de 5.000 para 2.500-3.000 até 2023. Cerca de metade de suas forças estão baseadas no Mali, então Paris ainda precisa decidir o que fazer para manter a eficiência operacional.

    A missão Takuba tem cerca de 600-900 soldados, dos quais 40% são franceses e inclui equipes médicas e logísticas. Tem sido mais uma força simbólica que acompanha as tropas locais.

    Missão da ONU e missão da UE em questão?

    Poucos diplomatas acreditam que é possível sobreviver a uma retirada do Mali, mas Paris espera convencer seus aliados a apoiar países do Golfo da Guiné, principalmente Costa do Marfim, Togo, Benin e Gana, onde há preocupações de que a militância está se espalhando devido às fronteiras porosas. Seus líderes estarão em Paris na quarta-feira.

    “Diante do desejo de estender as ações de grupos terroristas armados para o sul e oeste da região, os participantes manifestaram sua disposição de ampliar o alcance geográfico de seu apoio”, diz o documento preliminar.

    Ele não pede aos países envolvidos na missão de paz da ONU de 14.000 membros (MINUSMA) ou na EUTM (Missão de Treinamento da União Europeia) e nas missões EUCAP da União Europeia que se retirem. No entanto, seu futuro está em dúvida, já que as forças francesas fornecem suporte médico, aéreo e de segurança.

    Alguns países da UE indicaram que se opõem a deixar o Mali e as discussões estão em andamento para ver se as missões podem ser adaptadas.

    O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, cujo país representa o maior contingente da EUTM no Mali, disse que as razões para o envolvimento da Europa na região ainda existem.

    “A Espanha fará sua voz ser ouvida na UE. Acreditamos que as razões que nos trouxeram ao Mali ainda estão lá – instabilidade, jihadismo”, disse ele.

    “É desejável que mantenhamos uma missão.”