Após causar devastação em Porto Rico, furacão Fiona atinge a República Dominicana
Fenômeno se move para o Oeste em direção à República Dominicana, onde atingiu a costa perto de Boca de Yuma na madrugada desta segunda-feira (19)
Mais de 1,4 milhão de pessoas em Porto Rico ficaram sem energia elétrica, no domingo (18), quando o furacão Fiona interrompeu o fornecimento em toda a ilha e atingiu o território com fortes chuvas, ventos e inundações com risco de morte, disseram autoridades.
Enquanto o clima severo continuava a atingir Porto Rico na noite de domingo, o furacão Fiona começou a se mover para o Oeste em direção à República Dominicana, onde atingiu a costa perto de Boca de Yuma às 3h30 (horário local), de acordo com uma atualização especial do Centro Nacional de Furacões.
Até agora, pelo menos uma morte já foi registrada na cidade gravemente danificada de Basse-Terre, capital do território francês de Guadalupe, disse o vice-presidente da agência ambiental do território no domingo.
O furacão atingiu a costa Sudoeste de Porto Rico na tarde de domingo, afetando a ilha com ventos fortes de até 120 quilômetros por hora e trazendo de 15 a 61 centímetros de chuva em algumas áreas até o final do dia, de acordo com o Serviço Meteorológico Nacional.
Fiona continua a atingir Porto Rico e partes do Leste da República Dominicana durante a noite e esta segunda-feira (19). As áreas do Leste da República Dominicana também podem sofrer inundações, bem como deslizamentos de terra em áreas mais altas, de acordo com o centro de furacões. Fiona pode trazer um total de até 760 milímetros de chuva para Porto Rico e até 305mm para o Leste e Norte da República Dominicana.
A previsão é de que o furacão ganhe força quando passar pela República Dominicana e deve se mover em direção às Ilhas Turks e Caicos e Bahamas na segunda e terça-feira (20), de acordo com o Centro Nacional de Furacões. As Ilhas Turks e Caicos estão sob alerta de furacão e o Sul das Bahamas está sob vigilância de tempestade tropical.
A LUMA Energy, principal concessionária de Porto Rico, disse em comunicado no domingo que pode levar dias até que a energia seja restaurada, acrescentando que “várias interrupções na linha de transmissão” estão contribuindo para o apagão. O processo será feito “aos poucos”, disse o governador Pedro Pierluisi em uma publicação no Facebook.
O site PowerOutage.us informou que toda a ilha estava sem energia na manhã de segunda-feira, acrescentando que a LUMA “reenergizou alguns circuitos, no entanto há informações limitadas e não há números sobre quantos clientes tiveram a energia restaurada”.
Quedas de energia se tornaram uma crise familiar para muitos que vivem em Porto Rico. Apenas cinco meses atrás, os moradores passaram por outro apagão em toda a ilha depois que um incêndio ocorreu em uma usina de energia.
Partes da ilha ainda carregam as cicatrizes do furacão Maria, que devastou Porto Rico há quase exatamente cinco anos. Depois que o furacão Maria infligiu danos catastróficos na infraestrutura do território, levou quase um ano para restaurar a energia para toda a ilha.
Samuel Rivera e sua mãe, Lourdes Rodríguez, viveram sem energia por cerca de um ano após o impacto de Maria, disse Rivera a Layla Santiago, da CNN. Na manhã de domingo, eles perderam o poder novamente, provocando medos semelhantes aos que tinham cinco anos atrás.
Eles disseram que também estão preocupados que um rio próximo possa transbordar e as árvores ao redor de sua casa possam ser derrubadas por ventos fortes.
Inundações com risco de morte em Porto Rico
Quando o furacão Fiona atingiu a costa no domingo, a maior parte de Porto Rico estava sob um alerta de inundação em antecipação à chuva avassaladora. O Serviço Nacional de Meteorologia em San Juan alertou para condições de cheias “catastróficas” e com risco de morte.
Um vídeo das perigosas enchentes mostra águas torrenciais facilmente varrendo uma ponte, arrastando sua estrutura rio abaixo. Outra tomada de Samuel De Jesús mostra uma cena na cidade de Arecibo enquanto a chuva cai em torrentes, aumentando as águas em movimento rápido que atingem grandes veículos de construção e árvores inteiras.
Muitos rios no lado Leste da ilha estavam em estágios de inundação moderada a grande na tarde de domingo, incluindo um rio do Sudeste que subiu mais de 3,5 metros em menos de 7 horas. Na noite de domingo, o Serviço Nacional de Meteorologia também emitiu alertas de inundação para as partes do Sul do centro de Porto Rico.
Em resposta ao risco enfrentado por Porto Rico, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou uma declaração de emergência no início do domingo para fornecer assistência federal aos esforços de socorro a desastres.
Mais de 300 trabalhadores de emergência da FEMA estavam no terreno respondendo à crise, disse a administradora associada da agência para Resposta e Recuperação, Anne Bink, à CNN.
“Nossos corações estão com os moradores que estão novamente passando por outro evento catastrófico cinco anos depois”, disse Anne, se referindo ao quinto aniversário do furacão Maria. Desta vez, disse ela, a FEMA planeja implementar as lições aprendidas com a crise de 2017.
“Estamos muito mais preparados. Agora temos quatro armazéns estrategicamente localizados em toda a ilha, que incluem produtos básicos, estoques exponencialmente maiores do que no passado”, disse.
“Estamos lá de forma proativa e bem à frente de qualquer tempestade, para garantir que estamos coordenando. E todos os esforços de planejamento que empreendemos durante esses dias de céu azul podem ser realizados quando a chuva cai”.
(Com informações de Leyla Santiago, Jamiel Lynch, Alfonso Serrano, Caitlin Kaiser, Allie Malloy, Haley Brink, Dakin Andone e Robert Shackelford da CNN)
