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    Após atividade militar em Taiwan, China aumenta tensão sobre fronteira com a Índia

    Os dois países não concordam sobre a localização da região fronteiriça desde a década de 1960; agora, Pequim acusa Índia de colaborar com EUA

    Análise por Brad Lendon

    O aumento da atividade militar da China no Estreito de Taiwan pode ter ganhado todas as manchetes nas últimas semanas, mas milhares de quilômetros a oeste, outra disputa territorial latente nas fronteiras do país parece mais provável de se intensificar primeiro.

    Apenas 16 meses atrás, as tropas chinesas e indianas travaram uma batalha corpo a corpo no Himalaia ao longo da Linha de Controle Real (LAC), que é a fronteira mal definida entre as duas potências nucleares. Agora, as tensões parecem aumentar novamente.

    De acordo com relatórios, tropas de ambos os lados foram brevemente detidas pelo outro, já que as negociações para diminuir a situação parecem estar em um impasse.

    Em 1962, a Índia e a China entraram em guerra pelas remotas e inóspitas regiões fronteiriças no alto das montanhas, finalmente estabelecendo a ALC.

    Mas os dois países não concordam sobre sua localização precisa e ambos acusam regularmente o outro de ultrapassá-la ou de tentar expandir seu território.

    Desde então, eles tiveram uma série de confrontos – principalmente não letais – sobre a posição da fronteira até o confronto de junho de 2020, o mais mortal na ALC em mais de 40 anos.

    Depois daquela batalha, na qual pelo menos 20 soldados indianos e quatro chineses foram mortos, os respectivos líderes militares mantiveram conversas cara a cara para diminuir as tensões persistentes.

    Reunião deste domingo não terminou bem

    A 13ª dessas reuniões foi realizada neste domingo – e não terminou bem. Discussões anteriores fizeram algum progresso na paz da fronteira, mas um comunicado do Ministério da Defesa indiano nesta segunda-feira acusou a China de não cooperar mais.

    “O lado indiano destacou que a situação ao longo da ALC foi causada por tentativas unilaterais do lado chinês de alterar o status quo e violar os acordos bilaterais”, disse o comunicado.

    “O lado indiano, portanto, fez sugestões construtivas para resolver as áreas restantes, mas o lado chinês não concordou e também não pôde fornecer nenhuma proposta prospectiva.”

    Pequim vê a situação de forma diferente

    “A China tem feito grandes esforços para promover a amenização e esfriamento da situação fronteiriça e demonstrou plenamente sua sinceridade a fim de manter a situação geral das relações entre os dois [lados] militares. No entanto, a Índia ainda insistia nas demandas irrazoáveis ​​e irrealistas, o que fez as negociações mais difíceis”, disse um comunicado do coronel Long Shaohua, porta-voz do Comando Ocidental do Exército de Libertação do Povo (PLA).

    Um extenso artigo no tabloide estatal chinês Global Times aumentou a retórica, acusando a Índia de “desencadear novos incidentes ao longo da seção oriental da fronteira”.

    Depois de relatos no início deste ano de que um progresso real estava sendo feito, incluindo fotos de satélite mostrando a China desmantelando guarnições de fronteira, o ponto de ignição do Himalaia saiu do radar do mundo – ainda mais devido ao recente foco em Taiwan.

    Mas nas últimas semanas, tanto a mídia indiana quanto a chinesa publicaram histórias sobre os novos confrontos não verificados ao longo da ALC, todo teriam sido resolvidos pacificamente.

    Caça chinês J-16, do Exército de Libertação do Povo, voa sobre zona de identificação de defesa aérea de Taiwan
    Caça chinês J-16, do Exército de Libertação do Povo, voa sobre zona de defesa aérea de Taiwan / Ministério da Defesa de Taiwan

    O Global Times disse que os encontros prejudicaram as relações ao longo da fronteira. “Especialistas chineses alertaram sobre os riscos de um novo conflito, dizendo que a China não deveria apenas se recusar a ceder às exigências arrogantes da Índia, mas também estar preparada para se defender contra uma nova agressão militar indiana”, disse o relatório.

    Isso foi seguido por reivindicações das guarnições do ELP na fronteira do Himalaia, descrevendo “condições de trabalho tensas” com alarmes disparando, comandantes liderando patrulhas no front e soldados “escrevendo apelos para missões de batalha”, de acordo com o Global Times.

    O relatório também elogiou os esforços chineses para construir uma infraestrutura na região, dizendo que os movimentos aumentaram o moral das tropas e a capacidade de se deslocarem para pontos críticos ao longo da ALC.

    Quanto ao motivo pelo qual a situação da fronteira Índia-China deve estar esquentando agora, a mídia estatal chinesa oferece uma resposta familiar.

    Assim como faz com relação às tensões sobre Taiwan – onde mais de 150 aviões de guerra chinesas sobrevoaram na última semana – o Global Times aponta o dedo para os Estados Unidos.

    “[Índia] vê que Washington atribui grande importância a Nova Delhi, já que o presidente dos EUA, Joe Biden, tem interagido com frequência com o governo indiano desde que assumiu o cargo e discutiu em conjunto os planos para impedir o crescimento da China”, Lin Minwang, professor do Instituto de Estudos Internacionais na Fudan University, é citado como no relatório do Global Times.

    De fato, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi se juntou a Biden e aos primeiros ministros da Austrália e do Japão em Washington no mês passado para a primeira reunião presencial do Diálogo de Segurança Quadrilateral, mais conhecido como “Quad”

    O “Quad” é um fórum estratégico informal com quatro membros de países democráticos com interesse em conter a ascensão da China na Ásia.

    Em um artigo de opinião após a cúpula do “Quad”, Li Haidong, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Relações Exteriores da China, escreveu aos membros do fórum estratégico “não vão parar de exaltar a teoria da ‘ameaça da China'”.

    Em meio às incursões da Força Aérea chinesa em torno de Taiwan no início deste mês, o Global Times disse que os EUA e o Japão estavam levando a situação ao redor da ilha ao limite, “criando um senso de urgência de que a guerra pode ser deflagrada a qualquer momento”.

    E uma manchete no Global Times desta segunda-feira diz que as tropas de fronteira estão “preparadas para os próximos confrontos”.

    Taiwan e o Himalaia podem estar separados por cerca de 4.500 quilômetros e em ambientes completamente diferentes, mas em ambas as disputas territoriais com Pequim, a temperatura parece estar subindo – e, de acordo com a China, os EUA estão no centro de tudo.

    Xi Jinping anuncia fundo para biodiversidade

    A China está investindo US$ 232 milhões em um fundo de proteção da biodiversidade para países em desenvolvimento, disse o presidente Xi Jinping nesta terça-feira durante uma reunião de cúpula da ONU sobre biodiversidade.

    Xi anunciou a criação do fundo durante um discurso virtual na conferência COP15 realizada em Kunming, na China.

    “A China pede e recebe contribuições de outras partes para o fundo”, disse Xi. A CNN não teve acesso a nenhum documento que detalha como o fundo irá operar.

    O presidente da China, Xi Jinping
    O presidente da China, Xi Jinping / REUTERS

    Xi também disse que iria “estabelecer um sistema de áreas protegidas” para os parques nacionais da China, que colocarão 230.000 quilômetros quadrados de terras sob proteção do estado – plano que está em andamento há anos.

    O plano inclui o enorme Parque Nacional do Panda Gigante, que se estende por três províncias. “As áreas de maior importância para o ecossistema natural, e com as paisagens naturais mais únicas, o patrimônio natural mais valioso e a maior reserva de biodiversidade serão incluídas no sistema de parques nacionais,” disse Xi na conferência.

    Esta semana marca a abertura da primeira fase amplamente cerimonial de conversas durante a conferência COP15, com países programados para se encontrarem pessoalmente em Kunming de abril a maio do próximo ano.

    O objetivo é criar um acordo legal da ONU – no estilo de Paris – entre as nações participantes para evitar a perda de biodiversidade na próxima década.

    Esta não é a primeira vez que o mundo tenta se unir nessa questão. Líderes de 196 países realizaram uma conferência em 2010, resultando em um plano de 10 anos chamado Metas de Biodiversidade de Aichi. No ano passado, o prazo chegou – e o mundo coletivamente falhou em atingir totalmente um único objetivo, concluiu a ONU em seu relatório final.

    E as apostas estão crescendo cada vez mais. Um quinto dos países do mundo agora corre o risco de ter seus ecossistemas entrando em colapso, de acordo com a Swiss Re, a maior seguradora do mundo.

    A natureza está declinando globalmente a taxas sem precedentes na história da humanidade – e os países precisarão investir centenas de bilhões de dólares para desenvolver cadeias de abastecimento sustentáveis ​​se quiserem proteger os ecossistemas remanescentes.

    (Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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