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    Alexei Navalny é enterrado em Moscou em cerimônia com centenas de pessoas

    Barreiras de controle de multidões foram erguidas ao longo do caminho para o cemitério antes do serviço religioso; despedida contou com forte presença policial e pelo menos uma prisão foi reportada

    Matthew ChanceKatharine KrebsSebastian ShuklaTim ListerChristian EdwardsAnna Chernovada CNN , em Moscou

    Multidões de pessoas se reuniram em uma igreja de Moscou para o funeral do proeminente opositor russo Alexei Navalny, apesar da forte presença policial e da ameaça de detenção, informou uma equipe da CNN no local.

    Navalny, o adversário mais formidável do presidente russo Vladimir Putin, morreu aos 47 anos numa prisão no Ártico, em 16 de fevereiro, provocando a condenação dos líderes mundiais e acusações de assassinato.

    O Kremlin negou qualquer envolvimento na morte.

    A equipe de Navalny encontrou dificuldades para recuperar seu corpo das autoridades russas e contratar um local para seu funeral, que começou às 14h, horário local (8h, horário de Brasília), nesta sexta-feira (1º), na Igreja do Ícone da Mãe de Deus, no distrito de Maryino, em Moscou, onde o crítico do Kremlin viveu.

    Ele foi enterrado no Cemitério Borisov.

    Barreiras de controle de multidões foram erguidas ao longo do caminho até o cemitério antes da cerimônia religiosa, ladeadas por dezenas de vans da polícia.

    Policiais foram posicionados também nos telhados com vista para a crescente fila de enlutados, mostrou um vídeo do local.

    Antes do funeral, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou os russos contra memoriais não autorizados para Navalny, dizendo que os presentes estariam “violando a lei”.

    Um grupo de ativistas de direitos humanos confirmou que uma pessoa foi presa no local do funeral. A CNN não pôde confirmar a informação de forma independente.

    Apesar dos riscos, os presentes aplaudiram e cantaram o nome de Navalny quando o seu caixão chegou à igreja. Outro vídeo mostrou pessoas gritando: “Vocês não tiveram medo e nós não temos medo”.

    Maria Pevchikh, assessora próxima de Navalny, disse que os gritos por Navalny continuarão. “As pessoas estão gritando ‘Navalny! Navalny!’ em vozes altas. Este canto ouviremos por meses, por um ano”, disse ela.

    Cerca de 20 minutos antes do início do funeral de Navalny, o sinal ao vivo da equipe da CNN no local parecia estar bloqueado. O feed organizado pela equipe de Navalny também não exibia cobertura ao vivo da cena.

    Aqueles que esperavam na fila disseram à CNN que se reuniram para prestar homenagem ao seu “herói”. Marina disse que viajou de São Petersburgo porque “amava” Navalny.

    “Ele foi um verdadeiro herói. Quero dizer ‘adeus’ a ele”, disse ela, acrescentando que não ficou surpreendida pelo fato do Kremlin ter negado qualquer envolvimento na morte de Navalny.

    “Eles demonstram ao mundo inteiro que fazemos o que queremos”, disse ela. “Podemos reprimir você.”

    Outra mulher, Tatiana, de 82 anos, disse ter participado de várias reuniões de Navalny e ser uma apoiadora de longa data.

    “Sempre apoiei a política deles [de Navalny], as suas ideias. Compartilho essas ideias”, disse Tatiana.

    Nenhuma das mulheres disse que se sentiu dissuadida pelo risco potencial de comparecer ao funeral.

    Mas Yulia Navalnaya, viúva de Navalny, disse antes do funeral que temia que a polícia reprimisse os enlutados.

    Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny / 19/02/2024 REUTERS/Yves Herman

    “Ainda não tenho certeza se será pacífico ou se a polícia irá prender aqueles que vieram se despedir do meu marido”, disse ela ao Parlamento Europeu na quarta-feira.

    A morte de Navalny foi recebida com tristeza e raiva em todo o mundo, bem como na Rússia, onde os menores atos de dissidência política acarretam enormes riscos.

    Mais de 400 pessoas foram detidas em memoriais improvisados ​​para Navalny em 32 cidades russas, de acordo com o grupo de monitoramento dos direitos humanos OVD-Info.

    Navalny retornou à Rússia em 2021, depois de passar meses se recuperando na Alemanha do envenenamento por Novichok, uma investigação do Bellingcat-CNN descobriu que foi realizada pela inteligência russa.

    Ele foi imediatamente preso ao chegar e passou o resto da vida atrás das grades por acusações que rejeitou como tendo motivação política.

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