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    Angela Merkel deixa legado de avanços sociais na Europa

    O clima na Alemanha é de adeus a uma matriarca com a saída da chanceler

    Denise Odorissida CNN Em Londres

    O chamado losango de Merkel é a marca registrada da líder mais importante da Europa, que agora vive os capítulos finais de uma história de 16 anos.

    O clima na Alemanha é de adeus a uma matriarca. Aos 67 anos, Angela Merkel é pragmática, sensível e engajada em temas sociais, como o feminismo. A primeira chanceler mulher da Alemanha sai do poder servindo de inspiração aos mais jovens.

    Merkel, que, quando criança, viveu as dores de uma Alemanha dividida, deixa um legado que mudou mais uma vez a história do país, segundo o cientista político Matt Qvortrup, que escreveu a biografia da chanceler.

    “O legado que ela tem como feminista é que ela criou a igualdade entre mulheres e homens no comando de empresas, aumentou o salário mínimo, que favorece mais as mulheres do que os homens, já que elas tendem a ter trabalhos que pagam salários menores”, afirmou Matt.

    Vinda de uma família da classe trabalhadora, Angela Merkel fez faculdade de Física, mas a atração pela política a levou, ainda universitária, a movimentos democráticos que surgiram com a queda do muro de Berlim. E, nas primeiras eleições da Alemanha unificada, em 1990, ela conseguiu uma cadeira no parlamento.

    Quinze anos depois, Merkel chegou ao cargo de Chefe de Governo. Foram quatro mandatos no sistema parlamentarista alemão, com diferentes coligações e costuras de poder. Na crise econômica de 2008, que colocou grande parte da Europa no endividamento e no desemprego, ela conduziu as políticas econômicas com mão de ferro e uma duríssima política fiscal em relação aos vizinhos do sul.

    Em 2013, foi a negociadora que impôs regras financeiras aos membros da União Europeia, impedindo que a Grécia, com a economia esfarelada, deixasse o bloco. Dois anos depois, veio a crise dos refugiados, e Merkel recebeu em seu país 1 milhão de pessoas em fuga dos conflitos da Síria, do Afeganistão e do Iraque, sofrendo forte queda de popularidade.

    Neste ano, com a pandemia da Covid-19, a resposta do governo de Merkel com a crise foi elogiada como uma das melhores do mundo, embora muito criticada na Alemanha. Ela reafirmou o título de líder mais influente da Europa.

    Foi filmada tremendo em alguns eventos públicos, e os médicos atribuíram os tremores à desidratação e estresse. Mesmo com os nervos à flor da pele, a chanceler nunca abandonou o jeito cuidadoso de governar. Merkel virou verbo na Alemanha, e significa algo como “hesitar”.

    Os alemães criaram a palavra ‘merkalizar’, que significa levar um tempo antes de tomar uma decisão, explica Matt Qvortrup.

    A corrida por um novo chanceler alemão está nos últimos dias, e ainda não se sabe se Merkel conseguirá deixar um sucessor.

    Apesar disso, a chanceler foi capaz de deixar políticos mais próximos das pessoas, mostrando empatia e humildade.