Analista dos Estados Unidos descreve risco de escalada no Oriente Médio
Steven Cook considerou o atual momento do conflito como "muito perigoso" para a região
Enquanto o mundo aguarda a resposta de Israel ao ataque com mísseis balísticos do Irã, Tel Aviv não vai seguir os conselhos do Presidente dos EUA, Joe Biden, ou do antigo Presidente Donald Trump, disse Steven Cook, membro sênior do Conselho de Relações Exteriores.
Biden afirmou que Israel não deve atacar as instalações nucleares ou petrolíferas do Irã, enquanto Trump – atual candidato às eleições presidenciais – sugeriu que Israel o fizesse. “Os israelenses não vão ser limitados pelo que o presidente e o ex-presidente têm a dizer”, disse Cook a Michael Holmes, da CNN.
“Eles vão atacar as instalações e o armamento do Irã que são mais perigosos para Israel”. “A verdadeira questão é saber até que ponto os israelitas vão subir a escada da escalada e se os iranianos se sentem obrigados a responder”, acrescentou Cook.
O objetivo de Israel será intimidar o Irã, que já se comprometeu a retaliar caso Israel ataque. “É aí que se vê a direção que este conflito pode tomar”, disse Cook.
Há riscos de ir longe demais, acrescentando ainda que, enquanto a guerra continuar, Israel corre o risco de radicalizar as comunidades no Líbano, o que já aconteceu em Gaza. O Hezbollah, o grupo militante que o governo de Israel atualmente combatem, nasceu a partir da invasão israelense do Líbano em 1982.
No entanto, nas últimas semanas, Israel mostrou que está disposto a correr riscos consideráveis, disse Cook. “Este é um momento muito perigoso no Oriente Médio”.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares. São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos. O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais. Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades. Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino. Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense.
A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas. O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.