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    Análise: Rússia ganha tempo com crise na Ucrânia

    Este domingo (20) era uma data crucial para os russos; mas eles ganharam tempo

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Kremlin de Moscou enquanto assistem a exercícios militares neste sábado (19)
    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Kremlin de Moscou enquanto assistem a exercícios militares neste sábado (19) Alexei Nikolsky/TASS/Getty Images

    Nathan Hodgeda CNN

    Moscou

    Quem está de olho na crise na Ucrânia sabia que este 20 de fevereiro era uma data importante a se acompanhar.

    As Olimpíadas de Inverno de Pequim acabaram no domingo e alguns observadores estavam preocupados com o fato de a cerimônia de encerramento ser um momento conveniente para o presidente russo Vladimir Putin lançar uma ação militar.

    Há precedentes históricos: a Rússia escalou um breve conflito com a Georgia em 2008 durante as Olimpíadas de Verão de Beijing; além de ter começado uma lenta anexação da Crimeia ao fim no fim das Olimpíadas de 2014 em Sochi.

    Mas o domingo também oferecia à Rússia potencial para desescalada.

    Os exercícios militares russos em Belarus estavam programados para terminar em 20 de fevereiro e o Kremlin havia sugerido que as tropas russas voltariam para casa depois de terminarem os exercícios.

    Em vez disso, a Rússia passou por uma rota de fuga na crise. Numa declaração enviada neste domingo pelos militares bielorrussos no Telegram, o ministro da Defesa bielorrussa, general Viktor Khrenin, disse que os russos e bielorrussos continuariam seus exercícios. Segundo ele, o “aumento da atividade militar perto das fronteiras externas do Estado da União” e as tensões crescentes em Donbass demandaram tal decisão.

    Todos os olhos permaneceram em Donbass neste domingo, com os refugiados de partes controladas pelos separatistas do leste da Ucrânia atravessando pelo sul da Rússia e outras regiões, enquanto chegavam notícias de mais bombardeamentos.

    Autoridades locais na região de Rostov na Rússia declaram estado de emergência depois que líderes separatistas ordenaram a evacuação de civis da região na última sexta-feira (18). Mas o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, culpou os separatistas nas regiões de Donetsk e Luhansk por escalarem a situação. Segundo ele, os separatistas, apoiados pela Rússia, colocaram armamento pesado em áreas civis e os utilizaram para bombardear áreas sob controle do governo ucraniano.

    Enquanto isso, a concentração de forças russas nas fronteiras da Ucrânia parece ter continuado, de acordo com estimativas da inteligência americana. Um funcionário dos EUA com conhecimento dos serviços secretos, disse à CNN que a Rússia tem cerca de 75% de suas forças convencionais paradas nas fronteiras da Ucrânia e prontas para atacar.

    Isso quer dizer que a diplomacia morreu? Não exatamente. Putin e o presidente francês Emmanuel Macron falaram por telefone neste domingo e “concordaram em manter o diálogo aberto em vários níveis” relativos à Ucrânia, disse o Kremlin. Um ponto delicado, no entanto, continua a ser o Acordo de Minsk, que o Kremlin insiste em ser a única forma de resolver a crise.

    O governo de Kiev, no entanto, acredita que o acordo foi elaborado às pressas e que a Ucrânia forçada a aceitar sob a mira de uma arma.

    Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, tinha uma palavra de precaução para líderes conversando com o Kremlin por telefone. Em entrevista a Pavel Zarubim, apresentadora do programa “Moscou. Kremlin. Putin”, Peskov sugeriu que o kremlin estivesse preparado para divulgar discussões confidenciais de alto nível com outros líderes mundiais para combater o que ele descreveu como vazamentos falsos e deliberados de autoridades estrangeiras.

    “Espero que não estejamos em um mundo onde tenhamos que ler as transcrições de conversas confidenciais entre presidentes”, disse Peskov. “Mas se for necessário provar a ética de nosso presidente, podemos e faremos de tudo”.