Análise: Principal impacto de operação ucraniana na Rússia é político
Lourival Sant'Anna destaca impacto político da operação da Ucrânia em solo russo, que desafia a imagem de Putin como protetor do território
O analista de internacional Lourival Sant’Anna avaliou durante o CNN Prime Time que a recente operação militar ucraniana em território russo tem um impacto principalmente político e informacional.
Segundo ele, essa ação reduz a principal credencial do presidente Vladimir Putin perante o povo russo: a suposta capacidade única de proteger o vasto território da Rússia.
Sant’Anna destaca que esta é a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial que forças armadas regulares de outro país invadem o território russo.
As regiões de Kursk e Belgorod foram alvo das incursões ucranianas, áreas estratégicas que incluem importantes terminais de gás natural.
Desafios para a manutenção da ocupação
O analista pondera que, embora a invasão surpresa tenha sido bem-sucedida, manter a ocupação no médio e longo prazo será um desafio para as forças ucranianas.
É provável que os russos priorizem a retomada desses territórios, o que pode enfraquecer sua atuação em solo ucraniano.
Um dos objetivos militares da Ucrânia, além do impacto político, seria forçar os russos a se reagruparem, potencialmente criando novas brechas na extensa linha de frente de mil quilômetros mantida pelas forças russas.
Impacto na imagem de Putin e apoio internacional
A operação ucraniana representa uma rachadura na imagem de Vladimir Putin como defensor intransigente do território russo.
Por outro lado, para o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o ataque bem-sucedido pode resultar em maior apoio internacional, incluindo possíveis aumentos no fornecimento de equipamentos militares.
Sant’Anna sugere que essa demonstração de força pode influenciar positivamente o debate nos Estados Unidos sobre a continuidade do apoio à Ucrânia, especialmente com as eleições presidenciais se aproximando.
Zelensky, no entanto, fez questão de declarar que a Ucrânia não tem interesse em anexar território russo, buscando evitar que a ação seja usada como propaganda por Putin para justificar a guerra.