Análise: O governo Maduro tem pouco a perder além do apoio internacional
Analista Fernanda Magnotta destaca que presidente venezuelano mantém controle sobre instituições do país e não se vê cerceado, apesar das críticas internacionais
A analista de internacional da CNN Fernanda Magnotta comentou a atual crise política na Venezuela, após as recentes eleições presidenciais no país.
Segundo Magnotta, o presidente Nicolás Maduro demonstra uma posição de força, respaldado pelo apoio das instituições venezuelanas.
De acordo com a especialista, o governo venezuelano está “dobrando a aposta”, reforçando seu controle sobre as estruturas institucionais do país.
“O apoio que vai sendo declarado por decisões de outras instâncias, como foi o caso do Congresso, como foi o caso da Suprema Corte, agora ratificando a decisão do Conselho Nacional Eleitoral, demonstra que ele exerce um pleno domínio”, afirmou Magnotta durante o CNN 360°.
Lealdade militar e pressão sobre a oposição
A analista destacou que Maduro tem reforçado a lealdade dos grupos militares e intensificado medidas contra figuras oposicionistas.
“Ele vai se sentindo à vontade para reafirmar as suas ações”, observou Magnotta, indicando que o presidente venezuelano não se sente acuado ou desabonado de apoio.
Magnotta também comentou a posição do Brasil neste cenário. Segundo ela, embora o governo brasileiro tenha identificado corretamente as forças que ainda exercem influência sobre Maduro, pode ter havido certa ingenuidade na abordagem. “É mais o que a gente gostaria que fosse do que efetivamente o que é”, pontuou.
Contexto internacional e apoio externo
A especialista ressaltou que o cenário internacional atual é significativamente diferente de 20 anos atrás, quando o Brasil tinha maior ascendência sobre a Venezuela.
Magnotta destacou o papel de aliados como Rússia e China, que oferecem suporte significativo ao regime de Maduro.
“Dá para o Maduro também esticar essa corda com mais vigor, porque a compreensão que ele tem é de que ainda que o mundo ocidental esteja na contramão do que ele gostaria, ainda que ele perca os aliados regionais, incluindo o Brasil, ele vai ter em quem repousar”, concluiu a analista, sublinhando a confiança que esses aliados internacionais proporcionam ao governo venezuelano.