Análise: Netanyahu fez “trade-off” para aceitar cessar-fogo
Primeiro-ministro israelense se viu obrigado a aceitar o acordo devido a pressões dos Estados Unidos
O Gabinete de Segurança de Israel aprovou nesta terça-feira (26) um acordo de cessar-fogo com o grupo radical libanês Hezbollah. Segundo o analista de Internacional Lourival Sant’Anna ao CNN 360º, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez um ‘trade-off’ para aceitar o acordo.
Sant’Anna explica que Netanyahu se viu obrigado a aceitar o cessar-fogo devido a pressões dos Estados Unidos. “Depois da eleição, Joe Biden se sente mais à vontade para impor condições mais duras contra Israel”, afirma o analista.
Pressão americana e bloqueio de equipamentos
O governo Biden adotou duas medidas significativas, primeiro bloqueou a exportação de 134 tratores de esteira que seriam usados por Israel para demolições, principalmente na Faixa de Gaza, e sinalizou que permitiria a aprovação de uma resolução dura no Conselho de Segurança contra Israel, caso não houvesse um cessar-fogo com o Hezbollah.
Diante desse cenário, Netanyahu conseguiu superar as resistências dentro de seu próprio gabinete contra um cessar-fogo, seja com o Hezbollah ou com o Hamas. O primeiro-ministro enfrentava oposição de três ministros: Itamar Ben-Givir (Segurança Nacional), Bezalel Smotrich (Finanças) e Gideon Sa’ar (sem pasta).
Condições do acordo e implementação
O acordo prevê que o Hezbollah cesse o lançamento de foguetes contra o norte de Israel e recue suas forças para o norte do rio Litani, a 30 quilômetros da fronteira. Isso permitirá o retorno de cerca de 30 mil israelenses às suas casas no norte do país.
Do lado israelense, o país se compromete a interromper os bombardeios contra posições do Hezbollah no Líbano e retirar suas forças terrestres do sul libanês. O processo de implementação do cessar-fogo está previsto para durar 60 dias.
Sant’Anna ressalta que, ao aceitar o cessar-fogo com o Hezbollah, Netanyahu busca manter-se livre para continuar a campanha contra o Hamas na Faixa de Gaza. O analista conclui que esta é a linha que o primeiro-ministro israelense seguirá a partir de agora.
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