Análise: Movimento israelense de cessar-fogo no Líbano é de autopreservação para Netanyahu
Analista vê movimento israelense como forma de diminuir zonas de conflito e amenizar crise internacional, especialmente com o Líbano
O recente movimento de Israel em direção a um cessar-fogo no Líbano é visto como uma estratégia de autopreservação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, segundo avaliou a analista de internacional Fernanda Magnotta durante o CNN 360° desta quarta-feira (27).
Esta ação visa não apenas economizar esforços militares, mas também centralizar as energias em uma única frente de batalha.
De acordo com Magnotta, esta decisão pode ter implicações significativas para a dinâmica regional. “Existe a possibilidade de que, como parte do cessar-fogo e do compromisso em mantê-lo, o Hezbollah tenha que limitar sua atuação dentro do território israelense”, explica a especialista.
Isso poderia afetar o apoio que o grupo libanês presta ao Hamas, considerando a rede transnacional que inclui o Irã e outros atores regionais.
Complexidade política no Líbano
A analista destaca a complexidade da situação no Líbano, onde o Hezbollah, apesar de ser considerado um grupo terrorista por vários países, incluindo Israel e os Estados Unidos, tem representação política interna. “É muito complexo manter essa operação no Líbano, porque a gente está falando de fazer guerra não diretamente contra um país”, observa Magnotta.
Esta dualidade do Hezbollah como força paramilitar e partido político torna as operações militares israelenses no território libanês particularmente sensíveis do ponto de vista diplomático e político internacional. O cessar-fogo, portanto, serve para reduzir os custos políticos para Netanyahu, algo que ele não enfrenta no caso de Gaza.
Foco em Gaza e implicações regionais
Ao limitar o conflito com o Líbano, Israel pode concentrar seus esforços em Gaza, onde a situação é vista de forma diferente pelo governo israelense.
“Gaza está sendo dominada de forma não legítima, é assim que o governo vê, por um grupo que não respeita o que é o Hamas”, explica Magnotta.
A analista conclui que o movimento israelense “diminui as zonas de contato dessa guerra, ameniza um pouco a crise internacional que vai sendo criada ali, inclusive com o Líbano, e traz de volta o foco para o que a eles interessa, que é o domínio efetivo da região ali, incluindo Gaza”.
Esta estratégia, portanto, representa uma tentativa de Netanyahu de gerenciar as múltiplas frentes de conflito e pressões internacionais que Israel enfrenta atualmente.