Análise: Enquanto não houver abandono do Exército, Maduro não será deposto
Fernanda Magnotta afirma que, apesar da não legitimação internacional, países deverão lidar com realidade da reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela
A analista de relações internacionais Fernanda Magnotta avalia que, apesar da não legitimação internacional das eleições venezuelanas, a deposição de Nicolás Maduro só ocorreria em caso de afastamento entre o governo e o Exército, cenário considerado remoto.
Durante o CNN 360°, Magnotta destacou que o relatório do Carter Center, organização vinculada ao ex-presidente americano Jimmy Carter, reforça as críticas ao processo eleitoral na Venezuela.
No entanto, a especialista ressalta que há um sentimento generalizado de que “esse é um trem que já partiu”.
Sustentação do regime chavista
Segundo a analista, o que mantém o chavismo de Maduro no poder é principalmente o apoio que ele obtém dos militares.
“Enquanto não houver uma modificação nessa equação de poder, com abandono eventual desse grupo militar e eventualmente numa transição de grupos que ocupam as instituições, é bastante improvável que ele consiga ser deposto”, afirma.
Magnotta prevê um “arrefecimento de medidas de isolamento da Venezuela” no cenário internacional, com provável elevação de sanções, especialmente por parte dos Estados Unidos. Regionalmente, é esperado que o país continue sendo excluído de diversas instituições.
Impactos na política externa brasileira
A situação venezuelana representa um desafio significativo para a política externa brasileira. Magnotta destaca que o Brasil deve continuar não reconhecendo o resultado eleitoral, mas sem necessariamente impor uma ruptura de relacionamento.
“O que significa continuar tendo diálogo, mantendo laços com a Venezuela de Maduro, ainda que no que os diplomatas chamam de um baixo perfil”, explica a analista.
Ela ressalta que o tema se tornou um “verdadeiro imbróglio” para o presidente Lula, que precisa administrar cobranças externas e internas.
A especialista conclui que a Venezuela se tornou um ponto importante de tensão tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos, com impactos distintos em cada país.
Enquanto os EUA devem adotar uma postura mais dura, o Brasil tende a uma abordagem menos assertiva, buscando equilibrar suas ambições de política externa com as complexidades regionais.