Análise: Eleição de Maduro é continuidade de crise de estabilidade na América do Sul
A analista de Internacional Fernanda Magnotta destaca expectativa de protestos e pedidos por transparência após anúncio do Conselho Nacional Eleitoral venezuelano de vitória de Maduro
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou Nicolás Maduro como presidente do país para um novo mandato de seis anos nesta segunda-feira (29), um dia após as eleições presidenciais. O anúncio, no entanto, vem acompanhado de questionamentos sobre a legitimidade do processo eleitoral.
A analista de Internacional da CNN Fernanda Magnotta destaca que o resultado significa “a continuidade de uma crise de legitimidade, de governança e de estabilidade na própria América do Sul”. Segundo ela, o processo eleitoral foi marcado por tensão e polarização, prevalecendo uma “guerra de narrativas” em torno das pesquisas de boca de urna.
Preocupações com a lisura do processo
A analista ressalta que o regime de Maduro tem histórico de inviabilizar candidaturas competitivas e que houve denúncias de tentativas de supressão de votos. Além disso, há uma grande discussão sobre a falta de transparência na apuração dos resultados.
“O conselho que se responsabiliza por fiscalizar e divulgar resultados na Venezuela, diferente do que a gente tem aqui no Brasil, o TSE, ele é uma estrutura que faz parte da administração, que não goza de certa independência e autonomia”, explica Magnotta.
A comunidade internacional, incluindo vários países latino-americanos, está solicitando mais acesso a dados para garantir a transparência do processo. Magnotta afirma que “pouquíssimos países logo de cara saíram reconhecendo essa declarada vitória”.
Expectativa de protestos e contestações
“Está longe de ter acabado a eleição na Venezuela, agora vai ter protesto, agora vai ter contestação, e vamos ver como o regime vai responder”, prevê a analista.
Ela lembra que a Venezuela é classificada por muitos especialistas como uma “autocracia eleitoral”, pois, apesar de realizar votações, o país carece de outras condições essenciais para ser considerado uma democracia plena, como pluralismo político, respeito ao estado de direito, autonomia entre os poderes, liberdade de oposição e liberdade de imprensa.
O cenário pós-eleição promete ser turbulento, com a oposição e parte da comunidade internacional questionando a legitimidade do resultado. A forma como o governo Maduro lidará com os protestos e contestações esperados será crucial para o futuro político da Venezuela e suas relações internacionais.
(Publicado por Raphael Bueno, da CNN Brasil)