Análise: Chineses colocam em dúvida suposta supremacia tecnológica dos EUA
Empresa de IA chinesa compete com ChatGPT, questionando a liderança americana em tecnologia e expondo tensões na política de isolamento dos EUA
A startup chinesa DeepSeek está colocando em xeque a suposta supremacia tecnológica dos Estados Unidos no campo da inteligência artificial (IA).
Segundo o analista sênior de Internacional da CNN Américo Martins, a empresa tem conseguido resultados surpreendentes, competindo diretamente com gigantes americanas como o ChatGPT.
Relativamente nova no mercado, a DeepSeek tem investido fortemente em pesquisa e desenvolvimento, mesmo sem contar com os chips mais avançados devido às restrições impostas pelos EUA à exportação desses componentes para a China.
Apesar dessas limitações, a startup chinesa tem demonstrado capacidade de criar soluções de IA competitivas a custos significativamente mais baixos.
Tensões geopolíticas e protecionismo
O avanço tecnológico chinês ocorre em um contexto de crescentes tensões geopolíticas e uma tendência ao isolacionismo por parte dos Estados Unidos.
O analista destaca que a política americana recente, especialmente sob a administração do presidente Donald Trump, tem se afastado dos princípios de livre comércio e competição que historicamente defendeu.
“Os Estados Unidos, nos anos recentes e agora com o presidente Donald Trump, vai aprofundar uma política de isolacionismo e de protecionismo, que é, basicamente, contrária à própria narrativa que os Estados Unidos criaram nas últimas décadas”, explica Américo.
O especialista ressalta que essa postura protecionista se estende a outros setores além da IA, como a indústria de carros elétricos e redes sociais.
O TikTok, por exemplo, única grande rede social não americana com sucesso no Ocidente, enfrenta pressões nos EUA e pode ser forçado a vender parte significativa de suas ações para empresas americanas.
Impactos da competição tecnológica
A competição acirrada no campo da IA, exemplificada pelo avanço da DeepSeek, pode ter consequências positivas para os consumidores.
Américo argumenta que a concorrência força as grandes empresas de tecnologia a se modernizarem, potencialmente resultando em melhores produtos e serviços.
No entanto, o analista alerta para a contradição entre o discurso americano de livre mercado e as ações protecionistas atuais.
“No final das contas, a competição é realmente boa e é isso que prova a DeepSeek. Forçando aí as grandes empresas de tecnologia a também se modernizarem”, conclui Américo, enfatizando os benefícios da livre concorrência para o avanço tecnológico global.
