Américo Martins: Retirada de brasileiros no Líbano só será possível pelo ar
Analista destaca diferenças em relação a 2006, ressaltando que a retirada por terra não é mais uma opção segura devido à instabilidade na região
A Força Aérea Brasileira (FAB) está se mobilizando para repatriar cerca de 3 mil brasileiros que se encontram no Líbano, em meio à escalada do conflito entre Israel e o Hezbollah. O analista de assuntos internacionais Américo Martins destaca que a situação atual é significativamente diferente da repatriação realizada em 2006.
Segundo Martins, “a única possibilidade que resta para a retirada desses 3 mil brasileiros é justamente pela Força Aérea Brasileira, retiradas pelo ar”. Esta afirmação ressalta a complexidade da operação atual, contrastando com a situação de 18 anos atrás.
Cenário de 2024 vs. 2006
Em 2006, existia uma rota de fuga terrestre mais segura através da Síria. No entanto, a guerra civil síria, que começou em 2010-2011, tornou essa opção inviável. Além disso, recentes bombardeios israelenses na principal estrada que liga o Líbano à Síria complicaram ainda mais a situação.
A intensificação dos ataques israelenses no Líbano também é um fator preocupante. Martins observa que “nos últimos dias, nós vimos uma intensificação dos bombardeios israelenses também no centro de Beirute”. Estes ataques têm se expandido para além das áreas tradicionalmente associadas ao Hezbollah, incluindo regiões próximas ao Aeroporto Internacional de Beirute.
Desafios para a repatriação aérea
A operação de repatriação enfrenta desafios significativos. O analista aponta que “existe um limite ali, obviamente, de quantas pessoas podem ser retiradas a cada voo e qual é a capacidade que a Força Aérea Brasileira tem de promover esses voos todas as semanas”.
Além disso, a maioria das companhias aéreas ocidentais e do Oriente Médio suspenderam seus voos para o Líbano devido aos riscos de segurança. Atualmente, apenas a companhia libanesa MEA continua operando, embora com alguns cancelamentos.
A situação no Líbano permanece tensa, com bombardeios afetando diversas áreas do país, incluindo o sul, o Vale do Bekaa e os subúrbios ao sul de Beirute. Esta escalada do conflito aumenta a urgência da operação de repatriação, enquanto as opções para os brasileiros deixarem o país se tornam cada vez mais limitadas.