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    Aliados desde a Guerra Fria: entenda relação política entre Cuba e Rússia

    Exemplo mais recente foi a visita de uma frota russa a Havana, liderada pela fragata Gorshkov e pelo submarino nuclear Kazan

    Germán Padingerda CNN

    Uma das relações diplomáticas mais famosas do século XX, uma vitrine da Guerra Fria e da competição entre grandes potências, e persiste fortemente até hoje: Cuba e Rússia. Os países mantiveram a proximidade política desde o restabelecimento das relações em 1959, logo depois a Revolução Cubana.

    O exemplo mais recente da relação é a visita de uma frota russa, liderada pela fragata Gorshkov e pelo submarino nuclear Kazan, a Havana. O movimento começou na quarta-feira (12) como uma demonstração de cooperação militar e de “relações historicamente amistosas” entre os dois países.

    Veja imagens da frota da Rússia em Cuba

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    O submarino deixou a capital cubana nesta segunda-feira (17), mas a sua passagem – a apenas 140 km da costa dos Estados Unidos – gerou preocupação em Washington e até uma mobilização da Marinha americana, que “supervisionou” as manobras russas em Cuba com seu próprio submarino nuclear, o USS Helena.

    Desde a crise dos mísseis de 1962, que deixou o mundo nervoso sobre uma possível guerra nuclear, as abordagens militares de Moscou à ilha não passaram despercebidas em Washington.

    Do Império Russo à União Soviética

    As primeiras relações diplomáticas entre Cuba e o Império Russo foram estabelecidas em 1902, quando foram abertas as primeiras embaixadas em Havana e Moscou após a independência de Cuba da Espanha, em 1898, e o surgimento da República de Cuba, próxima aos Estados Unidos.

    A relação, no entanto, não durou muito. O Império do czar Nicolau II caiu em 1917, após a Revolução Russa, que levaria a uma guerra civil e à formação da União Soviética em 1922.

    Em 1942, no contexto da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos e a União Soviética faziam parte – apesar de ideologicamente opostos – de uma aliança contra o nazismo, as relações entre Havana e Moscou foram restauradas.

    Mas o marco fundamental na relação viria em 1959, com o triunfo da Revolução Cubana liderada pelo comunista Fidel Castro.

    A nova Cuba que emergiu da revolução estava ideologicamente alinhada com a União Soviética e, após o rompimento das relações entre Havana e Washington em 1961, e o subsequente embargo, a cooperação entre cubanos e os soviéticos entrou em uma Era Chave.

    Durante a Guerra Fria, Havana e Moscou mantiveram estreitas relações políticas, estratégicas e econômicas.

    Ambos os governos comunistas alinharam-se em questões globais e, devido à sua posição contra os Estados Unidos, aproximaram-se militarmente, levando ao auge da crise dos mísseis em 1962.

    Também reforçaram a cooperação econômica, com subsídios da URSS a Cuba avaliados em um valor entre 4 mil e 6 mil milhões de dólares.

    A cooperação, no entanto, foi interrompida após a queda da URSS em 1991, que levou a emergente Federação Russa ao caos e Cuba à crise econômica, mas Havana e Moscou mantiveram os seus laços.

    O ressurgimento das relações entre Cuba e Rússia

    Desde que Vladimir Putin chegou ao poder, a Rússia e Cuba começaram a reconstruir a sua relação. Putin visitou Cuba em 2001, enquanto Raúl Castro, então presidente de Cuba, viajou para Moscou em 2009.

    Em 2014, a Rússia concordou em perdoar parte da dívida que Cuba tinha com a União Soviética, um marco na crescente proximidade que levou a um crescimento dos investimentos russos na ilha e dos laços comerciais e militares.

    As Forças Armadas cubanas utilizam quase exclusivamente forças soviéticas.

    Também em 2014, houve relatos não confirmados sobre uma possível reabertura da base de inteligência russa Lourdes, encerrada em 2001.

    O relançamento do alinhamento político também ficou evidente naquele ano, quando Cuba foi um dos poucos países que reconheceu a anexação da Crimeia pela Rússia, na Ucrânia.

    Mais recentemente, Cuba também demonstrou o apoio à Rússia após a invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

    O país no Caribe absteve-se de votar uma resolução da ONU condenando o ataque e exigindo a retirada da Rússia, e votou contra uma resolução da Organização Mundial da Saúde condenando ataques russos à infraestrutura médica na Ucrânia.

    Em 2023, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel expressou o “apoio incondicional” de Cuba na “luta contra o ocidente” e nesse mesmo ano foi noticiado que alguns cubanos começaram a viajar para a Ucrânia para lutar nas fileiras das Forças Armadas russas.

    No meio desse contexto, Cuba atravessa a pior crise econômica em anos, ainda atingida pela queda do turismo devido à pandemia de Covid-19, e cada vez mais dependente do petróleo e da ajuda da Rússia.

    Em suma, é uma relação diplomática de proximidade política e de cooperação que persiste.

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