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    Alemanha decide enviar tanques Leopard 2 para a Ucrânia, informa imprensa local

    Chanceler Olaf Scholz recebeu forte pressão de aliados para concretizar exportação; Rússia alerta para impacto nas relações entre os países

    Lauren KentMick KreverRob Pichetada CNN

    A Alemanha deve enviar tanques Leopard 2 para a Ucrânia para ajudar a reforçar o esforço de guerra do país, noticiou o Der Spiegel na noite desta terça-feira (24), atribuindo a informação a fontes não identificadas.

    O chanceler alemão Olaf Scholz decidiu entregar os tanques de batalha após “meses de debate”, de acordo com a reportagem exclusiva da agência de notícias alemã.

    O parlamento alemão deve debater a questão controversa na manhã de quarta-feira. Decidir enviá-los seria um momento marcante no apoio do Ocidente a Kiev, após dias de intensa pressão sobre Berlim por parte de alguns de seus parceiros da Otan.

    A CNN procurou o governo alemão para comentar o assunto, mas não recebeu uma resposta até a última atualização desta matéria.

    Isso acontece logo após autoridades dos Estados Unidos revelarem que o governo de Joe Biden está finalizando os planos para enviar tanques fabricados nos EUA para a Ucrânia.

    A Alemanha havia indicado aos EUA na semana passada que não enviaria seus tanques Leopard, a menos que os EUA também concordassem em despachar seus próprios tanques M1 Abrams.

    O envio alemão forneceria às forças de Kiev um veículo militar moderno e poderoso antes de uma potencial ofensiva russa na primavera.

    Isso também seria um golpe para o Kremlin, que tem visto uma campanha crescente para equipar as tropas ucranianas com sistemas de combate de alta tecnologia, enquanto a guerra terrestre da Rússia se aproxima da marca de um ano.

    A Alemanha resistiu a uma crescente pressão ocidental para enviar alguns dos tanques para a Ucrânia, com o novo ministro da Defesa do país, Boris Pistorius, repetidamente pedindo mais tempo e insistindo que a mudança viria com prós e contras para Berlim.

    A Polônia aumentou as apostas nesta terça-feira, quando pediu formalmente permissão para enviar seus próprios Leopards, um movimento que Berlim havia dito anteriormente que não bloquearia.

    Vários países europeus também possuem alguns Leopards, e a Polônia liderou um esforço para reexportá-los para a Ucrânia, mesmo que a Alemanha não participasse da ação.

    Mas a decisão de Scholz e Pistorius foi considerada crucial, porque os tanques são de fabricação alemã, e a Alemanha geralmente controla sua exportação e reexportação.

    Uma autoridade polonesa disse à CNN que, até onde eles sabem, Berlim ainda não havia notificado formalmente Varsóvia sobre a decisão de permitir que os Leopards fossem enviados para a Ucrânia.

    O exército alemão tem 320 tanques Leopard em sua posse, mas não revela quantos estariam prontos para a batalha, disse uma porta-voz do Ministério da Defesa à CNN.

    Vários sistemas de combate de alta tecnologia foram prometidos à Ucrânia desde a virada do ano, em meio a uma nova onda de ajuda militar ocidental.

    Os EUA finalizaram um enorme pacote de ajuda militar para o país europeu totalizando aproximadamente US$ 2,5 bilhões em armamento na semana passada, incluindo veículos de combate Stryker pela primeira vez. Enquanto isso, o Reino Unido e vários países da UE concordaram em enviar tanques.

    Pistorius, que se tornou ministro da Defesa da Alemanha na quinta-feira, viu seus primeiros dias no cargo dominados pelos esforços de aliados importantes para aderir a essa tendência e enviar Leopards para a Ucrânia.

    A Alemanha, por sua vez, procurou garantias de que os EUA também enviassem seus próprios veículos.

    Mas a frustração de alguns líderes veio à tona depois que a cúpula de Berlim terminou, na sexta-feira passada, sem um acordo para o despacho, com o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki acusando a Alemanha de “perder tempo” ao não chegar a uma decisão.

    Importância no conflito

    O tanque Leopard 2 seria um poderoso veículo de combate para os campos de batalha da Ucrânia.

    Cada tanque contém um canhão Smoothbore de 120 mm e uma metralhadora de 7,62 mm, podendo atingir velocidades de 70 km por hora ou 50 km/h fora de estrada, tornando a manobrabilidade uma de suas principais características.

    Também há proteção contra ameaças, incluindo dispositivos explosivos improvisados, minas ou fogo antitanque, de acordo com o fabricante alemão Krauss-Maffei Wegmann.

    O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu repetidamente aos países que parem de brigar sobre o envio dos tanques.

    “Falamos centenas de vezes sobre a escassez de armas. Não podemos ir apenas por motivação”, disse ele durante uma aparição virtual na reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos na semana passada.

    Em um aparente golpe na estagnação da Alemanha, Zelensky acrescentou: “Há momentos em que não há necessidade de hesitar. Quando as pessoas dizem – eu te darei tanques se alguém o fizer”.

    A Rússia, entretanto, tentou ameaçar a Alemanha enquanto seu governo deliberava. Questionado durante uma coletiva de imprensa regular sobre a reação de Moscou se Berlim aprovasse o envio de tanques, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, destacou que as relações entre os dois países “já estão em um ponto bastante baixo”.

    Ainda de acordo com o russo, atualmente “não há diálogo substantivo com a Alemanha ou com outros países da UE e da Otan”.

    “Claro, tais entregas não são um bom presságio para o futuro das relações. Eles deixarão um rastro iminente”, advertiu Peskov.

    A ajuda militar anterior, como o sistema americano de foguetes HIMARS, foi vital para a Ucrânia a realizar uma série de contra-ofensivas bem-sucedidas nos últimos meses.

    *Fred Pleitgen, Inke Kappeler, Jennifer Hansler, Nadine Schmidt, Niamh Kennedy, Paula Newton, Antonia Mortensen e Radina Gigova, da CNN, contribuíram para esta reportagem

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