Alegações de estupro ligam irmãos Menendez a Menudo: “Pode haver outras vítimas”
Robert Rand, produtor do documentário "Menendez + Menudo: Boys Betrayed", levanta a possibilidade de haver mais vítimas de abuso de Jose Menendez
Erik e Lyle Menendez sempre sustentaram que mataram seus pais porque estavam sendo abusados sexualmente por seu pai. Novas evidências que podem apoiar as alegações dos irmãos — algumas trazidas à tona em uma série documental — podem em breve levar os dois a deixarem a prisão.
Os irmãos estão cumprindo penas perpétuas por atirar fatalmente em Jose e Kitty Menendez na mansão da família na Califórnia em 1989.
O promotor público do condado de Los Angeles, George Gascón, anunciou na última semana que está buscando uma nova sentença, citando uma carta supostamente escrita por Erik para seu primo antes dos assassinatos, na qual ele fez referência ao medo que tinha do pai e ao depoimento juramentado de Roy Rosselló, um ex-membro da boy band Menudo, que alega ter sido estuprado por Jose — então chefe da RCA Records — em meados dos anos 80.
Rosselló compartilhou publicamente seu relato pela primeira vez em “Menendez + Menudo: Boys Betrayed” em 2023, o que gerou pedidos para reexaminar as sentenças dos irmãos Menendez à luz de suas alegações de abuso.
“Nenhum outro jovem jamais se apresentou e disse que foi estuprado por Jose Menendez”, disse Robert Rand, um jornalista que coproduziu a série documental, à CNN. “Acreditamos que pode haver outras vítimas por aí e esperamos que elas entrem em contato conosco.”
O projeto de Rand, um documentário recente da Netflix e a série “Monstros: A história de Lyle e Eric Menendez”, ilustram o interesse contínuo no caso Menendez e sugerem uma compreensão social em evolução do abuso sexual, especialmente para vítimas do sexo masculino, disse Rand.
“Esse é o homem… que me estuprou”, lembrou Rosselló em “Menendez + Menudo: Boys Betrayed”. Ele tinha 13 anos quando conheceu Jose Menendez.
“Esse é o homem aqui, que me estuprou. Esse cara, esse é o pedófilo”, disse Rosselló na série documental enquanto apontava para uma foto de Jose Menendez.
Ele alega que recebeu vinho e desmaiou antes de acordar mais tarde em um quarto de hotel em Nova York sangrando. “Eu senti uma dor terrível por uma semana. Eu mal conseguia suportar a dor. Eu não conseguia nem me mover”, disse Rosselló em lágrimas.
A petição de habeas corpus dos irmãos Menendez, protocolada logo após o lançamento da série documental, cita as alegações de Rosselló.
“Os jurados nunca souberam que José Menendez estuprou Rosselló uma segunda vez em um hotel de Nova York”, afirma o processo. “Alguns dos apoiadores de Menendez estavam dizendo: ‘Bem, onde estava Roy Rosselló 30 anos atrás, quando os irmãos estavam em julgamento?”
Rand disse à CNN: “Você tem que entender que algumas pessoas têm tanta vergonha de serem sobreviventes de abuso que levam esse segredo para o túmulo.”
Rand e a diretora da série, Esther Reyes, disseram que Rosselló, que agora mora no Brasil, testemunharia em Los Angeles, se o tribunal exigir. “Ele é uma testemunha incrivelmente confiável”, disse Reyes à CNN. “Eu o entrevistei por horas. Ele é muito consistente. Ele é muito claro.”
A CNN entrou em contato com Rosselló sobre a recomendação de Gascón para reconsiderar a sentença dos irmãos Menendez, mas ele não estava disponível para comentar.
“Roy está bem ciente do que está acontecendo”, disse Rand. “Roy está acompanhando todos os novos desenvolvimentos de perto.”
Rosselló também gostaria de falar com Erik e Lyle, de acordo com Rand, que acrescentou que a equipe jurídica dos irmãos não quer que eles “se encontrem ou tenham qualquer contato porque Roy é uma testemunha em potencial em um caso de assassinato capital”.
“Roy nos disse que gostaria muito de conhecer os irmãos Menendez”, disse Rand.