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    África do Sul tem eleição mais importante desde o Apartheid

    Partido governante do país, o ANC, corre o risco de perder maioria parlamentar pela primeira vez em meio a acusações de corrupção e desemprego crescente

    Da CNN

    Os eleitores da África do Sul vão as urnas nesta quarta-feira (29) na eleição mais importante no país desde o Apartheid. Na disputa, o partido governante, o Congresso Nacional Africano (ANC), corre o risco de perder a maioria parlamentar pela primeira desde o movimento de libertação de Nelson Mandela em 1994, que o levou ao poder.

    As pesquisas realizadas nos dias que antecederam as eleições sugeriram que a porcentagem de votos do ANC ficaria por volta de 40%, o que forçaria o partido a ter que formar uma coligação com os rivais — e poderia expor o Presidente Cyril Ramaphosa a um desafio de liderança.

    O resultado inferior a 50% dos votos significa que o ANC teria que fazer um acordo com outros grupos menores para governar o país. Isso seria a primeira vez  que esse cenário acontece desde que o partido chegou na liderança da África do Sul há 30 anos, depois do Apartheid.

    Em 2019, o ANC recebeu 57,5% dos votos.

    Contudo, a insatisfação generalizada sobre os cortes de energia, o desemprego e a corrupção são alguns dos fatores que ameaçam acabar com o domínio do Congresso Nacional Africano.

    O atual partido governante não divulgou como abordaria um cenário pós-eleitoral envolvendo uma coligação ou alguma outra forma de aliança.

    Eleições mais imprevisíveis da era pós-Apartheid

    A última atualização da sondagem realizada pelo grupo sul-africano Social Research Foundation foi na terça-feira (27). A pesquisa estimou o apoio do ANC em 42,2%.

    O apoio ao maior partido da oposição, a Aliança Democrática (DA), ficou em 21,6%, enquanto o apoio ao novo partido uMkhonto we Sizwe (MK), do ex-presidente Jacob Zuma, foi estimado em 12,4%. Por fim, o apoio para o Partido Combatentes da Liberdade Econômica (EFF) ficou estimado em 10,8%.

    A pesquisa de acompanhamento começou com uma amostra base de cerca de 2 mil entrevistados, após a qual incorporou entre 200 e 300 novos entrevistados diariamente. A margem de erro é de um pouco mais de 2%.

    A Fundação de Investigação Social disse ter observado um grau de incerteza sem precedentes entre os entrevistados sobre qual partido apoiar, o que resultou em uma pequena porcentagem de eleitores alternando entre as opções disponíveis.

    Além disso, um levantamento divulgado no início da semana pela organização Afrobarômetro sugeriu que um terço dos eleitores estava indeciso, tornando a votação desta quarta-feira (29) a mais imprevisível da história democrática da África do Sul.

    Resultado pode significar o fim do domínio do ANC

    Peter Vale, pesquisador na Universidade de Joanesburgo, maior cidade sul-africana, afirma que apesar da corrupção e da mobilização de quadros do atual partido governante do país, o ANC construiu uma função pública competente ao longo dos últimos 30 anos.

    Contudo, durante o período, o partido abandonou o legado de libertação da maioria negra dos governantes brancos, que sistema de Apartheid oprimiu e privou de muitos direitos humanos básicos.

    O Apartheid foi um regime político de segregação racial que existiu na África do Sul por quase cinco décadas, de 1948 a 1994.

    Nos primeiros anos de governo, o ANC começou a inverter as desigualdades — levando eletricidade, água e habitação decente a milhões de pessoas.

    Mas a corrupção e a ineficiência corroeram esse legado.

    As desgastadas centrais elétricas a carvão do fornecedor estatal de energia Eskom têm causado apagões frequentes, enquanto estradas, estações de tratamento de esgotos e escolas são mal geridas. Cerca de um terço dos sul-africanos está desempregado.

    “Eles (eleitores) precisam de quebrar a hegemonia do Congresso Nacional Africano. Quando alguém monopoliza as decisões, monopoliza os empregos e monopoliza tudo, é isso que precisa de ser quebrado nestas eleições”, disse o analista político Sandile Swana.

    Com informações da Reuters.