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    Afeganistão: Ataque dos EUA matou 9 pessoas, incluindo crianças, dizem parentes

    No domingo (29), militares norte-americanos fizeram bombardeio com drone contra suposto homem-bomba do Estado Islâmico-K; testemunhas dizem que criança de 2 anos foi morta na ação

    Laura Smith-SparkSaskya VandoorneOren LiebermannNick Paton Walshda CNN

    Nove membros de uma família – incluindo seis crianças – foram mortos em um ataque de drone dos Estados Unidos contra um veículo em um bairro residencial de Cabul, no Afeganistão, disse um parente dos mortos a um jornalista local que trabalhava para a CNN.

    Os EUA realizaram um ataque aéreo defensivo em Cabul, visando um suposto homem-bomba do Estado Islâmico-K que representava uma “ameaça iminente” ao aeroporto da capital afegã, disse o Comando Central dos EUA no domingo (29).

    A mais jovem morta era uma menina de 2 anos, segundo um irmão de um dos mortos. “Eles eram uma família comum”, disse ele. “Não somos ISIS ou Daesh e esta era uma casa de família, onde meus irmãos viviam com suas famílias”, afirmou, usando o nome e o acrônimo em inglês do grupo.

    Vizinhos e testemunhas no local do ataque com drone disseram à CNN que várias pessoas foram mortas, incluindo crianças.

    “Todos os vizinhos tentaram ajudar e trouxeram água para apagar o fogo e vi que havia cinco ou seis mortos”, disse um deles à CNN. “O pai da família e outro menino. E havia dois filhos. Eles estavam mortos, eles estavam em pedaços. Havia [também] dois feridos.”

    Outro vizinho disse à CNN que estimou que poderia ter havido até 20 pessoas mortas no ataque, mas que não restou muito da casa e quase não dá para reconhecer qualquer coisa.

    Outra testemunha disse que depois do ataque, curiosos “removeram seis cadáveres”. Ele afirmou haver “crianças que ainda estão desaparecidas”.

    Os militares dos EUA reconheceram, no domingo (29), que houve relatos de vítimas civis após o ataque.

    “Sabemos que ocorreram explosões subsequentes substanciais e poderosas resultantes da destruição do veículo, indicando uma grande quantidade de material explosivo em seu interior que pode ter causado vítimas adicionais. Não está claro o que pode ter acontecido e estamos investigando mais a fundo”, afirmou o Capitão Bill Urban, porta-voz do Comando Central dos EUA, em um comunicado.

    “Ficaríamos profundamente tristes por qualquer potencial perda de vidas inocentes”, acrescentou.

    As forças dos EUA correm para concluir sua operação de saída do Afeganistão antes do prazo de terça-feira (31) e sob a ameaça de um novo ataque terrorista no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul. Um atentado suicida do lado de fora dos portões do aeroporto matou na quinta-feira (26) 13 militares norte-americanos e pelo menos 170 outras pessoas.

    O ataque com drones no domingo a um veículo é o segundo das forças dos EUA visando o grupo terrorista Estado Islâmico-K no espaço de três dias. Uma autoridade dos EUA confirmou que o local do ataque foi no bairro de Khaje Bughra, em Cabul.

    “As forças militares dos EUA conduziram um ataque aéreo de autodefesa não tripulado hoje a um veículo em Cabul, eliminando uma ameaça iminente do ISIS-K ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai”, diz o comunicado do Centcom.

    “Explosões secundárias significativas do veículo indicaram a presença de uma quantidade substancial de material explosivo”, acrescentou.

    O Talibã, que agora controla o Afeganistão, condenou o ataque no domingo, dizendo que os EUA violaram a soberania do país.

    Bilal Kareemi, um porta-voz do Talibã, disse à CNN que “não era certo conduzir operações em solo alheio” e que os EUA deveriam ter informado o grupo. “Sempre que os EUA conduzem tais operações, nós os condenamos”, disse ele.

    Como o ataque aconteceu

    O veículo que foi alvo dos EUA no ataque aéreo de domingo em Cabul estava próximo a um prédio e continha um homem-bomba, disse um membro do governo norte-americano à CNN.

    Não está claro se o veículo era para ser um carro-bomba ou se o homem-bomba o estava usando para transporte. “Estava carregado e pronto para atuar”, disse a fonte à CNN.

    Um funcionário do Pentágono disse à CNN que, de acordo com relatos iniciais, o alvo era um veículo que supostamente continha vários homens-bomba. A ameaça também pode ter sido um carro-bomba ou alguém com um colete suicida, disse ele, citando relatos iniciais.

    Urban disse no domingo que os militares dos EUA estavam “avaliando as possibilidades de vítimas civis, embora não tenha indicações no momento” e permaneceriam vigilantes contra ameaças futuras em potencial.

    Um homem disse a um jornalista que trabalhava para a CNN que visitou o complexo “atingido por um foguete e que seis pessoas morreram”. Ele também relatou que havia um carro no local. O jornalista não teve permissão para entrar no complexo.

    Outro homem disse que ouviu o som de um foguete e teve acesso ao local a partir da casa de um vizinho.

    “Primeiro conseguimos remover uma criança de 3 a 4 anos. O fogo e a fumaça haviam tomado conta de toda a área”, disse ele.

    Ele acrescentou que “três pessoas estavam dentro do carro” e três outras estavam fora. Os feridos, incluindo crianças, foram levados para o hospital, disse.

    O presidente dos EUA, Joe Biden, disse no sábado (28) que os comandantes militares haviam informado que “outro ataque terrorista ao aeroporto de Cabul era” altamente provável nas próximas 24-36 horas”, e a embaixada dos EUA em Cabul alertou todos os cidadãos norte-americanos para deixarem a área do aeroporto imediatamente.

    A Casa Branca disse no domingo de manhã que cerca de 2.900 pessoas foram retiradas de Cabul das 3h de sábado às 3h de domingo. Essas retiradas foram realizadas por 32 voos militares dos EUA e 9 voos de aliados.

    A missão está claramente terminando, com menos pessoas trazidas para fora do que durante o mesmo período de tempo nos dias anteriores.

    Biden viajou para a Base Aérea de Dover, em Delaware, no domingo para se encontrar com as famílias dos 13 militares norte-americanos mortos no ataque de quinta-feira.

    O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse em um comunicado que os 13 seriam lembrados como heróis. “Esses homens e mulheres fizeram o maior sacrifício para que outros pudessem viver”, disse ele.

    O Estado Islâmico em Khorasan, conhecido como Estado Islâmico-K, afirmou que um militante do grupo executou o ataque suicida, mas não forneceu evidências para provar a afirmação. Autoridades norte-americanas disseram que provavelmente o grupo está por trás do atentado.

    No sábado, o Pentágono disse que dois alvos de “alto nível” do grupo foram mortos e outro ferido em um ataque de drone dos EUA na noite de sexta-feira em Jalalabad, na província de Nangarhar, no leste do Afeganistão, em um ataque de retaliação ao atentado de quinta-feira.

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)

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