Afeganistão aprova novas regras que separam universitários por gênero
Estudantes do sexo feminino e masculino devem entrar na universidade por entradas separadas. Além disso, aulas mistas só serão permitidas quando o número de alunas for inferior a 15, segundo a proposta
O Ministério da Educação Superior do Afeganistão, dirigido pelo Talibã, aprovou uma proposta de separação de universitários do sexo masculino e feminino para o novo semestre, que começa nesta segunda-feira (6).
O Ministério aprovou uma proposta detalhada apresentada pela União das Universidades do Afeganistão, que representa 131 faculdades e universidades em todo o país.
De acordo com a proposta, “todos os alunos, professores e funcionários são obrigados a usar o hijab de acordo com a sharia”. O hijab cobre o cabelo, mas não o rosto.
Detalhes sobre a nova proposta educacional do Afeganistão
Estudantes do sexo feminino e masculino devem entrar na universidade por entradas separadas. Aulas mistas só são permitidas quando o número de alunas for inferior a 15, devendo a sala ser dividida por cortina. As novas turmas nas universidades privadas devem ser separadas para homens e mulheres, diz a proposta.
Existem também regras para garantir que estudantes do sexo masculino e feminino não entrem na sala de aula juntos. Além disso, de acordo com a proposta, “todas as universidades são obrigadas a designar uma área separada para que os alunos realizem suas orações”.
“No futuro, as universidades deveriam tentar contratar professoras para as alunas. Nesse ínterim, esforços devem ser feitos para nomear professoras mais velhas que são reconhecidamente confiáveis para ensinar as alunas”, diz a proposta.
Algumas universidades terão problemas para aplicar a proposta
O vice-reitor da Universidade Bakhtar em Cabul, Waheed Roshan, afirmou que a instituição atenderia à proposta, mas que a logística seria um desafio para muitas universidades.
Ele disse à CNN que Bakhtar – onde cerca de 20% dos 2.000 estudantes são mulheres – poderia dar aulas para alunos do sexo masculino e feminino em turnos separados. No entanto, outras faculdades podem ter problemas para separar suas salas de aula, disse Roshan.
O que pensam algumas estudantes afegãs
A CNN também conversou com várias alunas sobre a nova proposta. Sahar, de 21 anos, que está estudando ciência política, disse que estava feliz pelo Talibã não ter banido as mulheres da faculdade, mas considerou as novas regras extremas.
“Há muitas alunas em Cabul que cresceram em um ambiente livre, onde tiveram a oportunidade de escolher o que vestir e qual universidade frequentar ou se sentariam em uma sala de aula com os homens ou não, mas agora será muito difícil para para que se adaptem a essas normas extremas”, comentou.
Ela disse que mesmo antes do Talibã assumir o poder, as mulheres usavam roupas modestas e que ela não via necessidade de mais restrições. Ela também comentou que tentaria retomar os estudos com os novos padrões, mas não tinha certeza se conseguiria continuar por muito tempo.
Ziba, outra estudante de Cabul na casa dos 20 anos, disse que pode perder a esperança de se formar na universidade, devido à situação de segurança e porque o Talibã pode impor condições mais rígidas no futuro. Ela ressaltou que era melhor ficar em casa. Ela pediu à CNN para não usar seu nome verdadeiro.
Mas Mina Qasem, de 19 anos, que se formou no ensino médio no ano passado, disse que estava animada para começar a faculdade. “Vou usar qualquer tipo de hijab que me pedirem, desde que mantenham as universidades abertas para mulheres. Estou muito animada para começar meu próximo capítulo de vida e minha irmã, que vai terminar o ensino médio este ano, também vai se inscrever em uma das universidades privadas no final do ano”.
Mina diz que se as mulheres querem ter voz no futuro, elas têm que se educar sejam quais forem as circunstâncias.
Texto traduzido, leia o original em espanhol.