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    Aeroporto de Cabul tem primeiro voo comercial após chegada do Talibã

    Voo com cerca de 200 estrangeiros partiu do aeroporto Hamid Karzai, em Cabul, nesta quinta-feira (9); decolagem foi possível após acordo com grupo islâmico

    Mostafa SalemLaura Smith-Sparkda CNN

    Um voo comercial decolou do aeroporto de Cabul nesta quinta-feira (9) pela primeira vez desde que o Talibã tomou o Afeganistão.

    O voo foi autorizado horas depois que os militantes do grupo islâmico liberaram um grupo de americanos e outros estrangeiros para deixar o país.

    Uma autoridade dos Estados Unidos e uma fonte com conhecimento do assunto haviam dito anteriormente que o Talibã havia liberado cerca de 200 pessoas, incluindo cidadãos americanos.

    Imagens mostraram pessoas embarcando no voo durante nesta quinta-feira. Uma aeronave da Qatar Airlines aguardava os estrangeiros na pista de decolagem do aeroporto internacional Hamid Karzai, em Cabul.

    Antes, oficiais do Catar e do Talibã foram vistos visitando a pista do aeroporto, onde ficava o Boeing 777, da Qatar Airways.

    Vários passageiros que esperavam para fazer o check-in do voo disseram que seu destino final era o Canadá. “Estamos indo para o Canadá, somos canadenses”, disse um homem a um repórter árabe da Al Jazeera no aeroporto de Cabul.

    Outros dois homens também disseram que estavam indo para o Canadá.

    [cnn_galeria id_galeria=”469054″ title_galeria=”Veja como está o Afeganistão após a tomada de poder pelo Talibã”/]

    Novos voos são esperados nos próximos dias

    Outros voos internacionais são esperados nos próximos dias. O ministro das Relações Exteriores do Talibã, Mawlawi Amir Khan Muttaki, agradeceu ao enviado especial do Catar, Mutlaq Al-Qahtani, pelos esforços de seu país para reiniciar voos saindo do aeroporto internacional de Cabul, disse o Talibã em um comunicado oficial.

    Há uma equipe técnica do Catar no país nos últimos 10 dias – eles estão ajudando as autoridades afegãs a restaurar as operações do aeroporto.

    Um engenheiro da equipe do Catar disse em entrevista coletiva nesta quinta que o aeroporto estava 90% consertado.

    “Existem alguns problemas técnicos que não podemos resolver, mas no total todo o equipamento está funcionando”, disse Mohamed Naeemi, falando ao lado de Al-Qahtani.

    Reabertura gradual do aeroporto

    Al-Qahtani chamou a retomada dos voos comerciais no aeroporto de Cabul de “histórica”, mas disse que o processo de reabertura será gradual. Outros voos pousaram com ajuda humanitária, acrescentou.

    Uma autoridade dos EUA disse à CNN que o acordo do Talibã para que cerca de 200 pessoas partissem no voo fretado nesta quinta-feira veio depois que o representante especial dos EUA para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad, pressionou o Talibã para permitir a partida.

    Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA se recusou a dar mais detalhes.

    “Como dissemos, nossos esforços para ajudar os cidadãos dos Estados Unidos e outros com os quais temos um compromisso especial estão em andamento, mas não estamos em posição de compartilhar detalhes adicionais neste momento”, disse.

    O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, culpou o Talibã pelo encalhe dos voos em Mazar-i-Sharif, no norte do Afeganistão, dizendo que o grupo não estava permitindo que eles partissem.

    O Talibã, no entanto, afirmou “que alguns passageiros não possuem a documentação necessária”, disse Blinken.

    A CNN entrou em contato com a Casa Branca, com o Conselho de Segurança Nacional dos EUA e com o Talibã para comentar os acontecimentos de quinta-feira.

    Zabihullah Mujahid (C), porta-voz do Talibã, em entrevista coletiva em Cabul
    Zabihullah Mujahid (C), porta-voz do Talibã, em entrevista coletiva em Cabul / Rahmat Gul – 17.ago.2021/AP

    Esforços para reparar o aeroporto de Cabul

    Os últimos aviões militares dos EUA deixaram o aeroporto de Cabul pouco antes do prazo final de 31 de agosto, marcando a retirada total das forças americanas.

    Este momento marcante ocorreu apenas duas semanas depois que o Talibã assumiu o controle da capital.

    Quando os EUA completaram sua retirada, mais de 122 mil pessoas haviam voado do aeroporto de Cabul desde julho e mais de 6 mil civis americanos foram evacuados.

    O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse nesta segunda-feira que o progresso para fazer o aeroporto de Cabul “voltar ao normal” foi prejudicado pelos danos causados ​​às instalações de radar.

    “Os americanos danificaram o radar e leva tempo para consertá-lo”, disse ele, acrescentando que os EUA haviam “deliberadamente destruído certas partes do aeroporto”.

    O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse que Ancara também está trabalhando com o Catar e os Estados Unidos para manter o aeroporto de Cabul operando.

    “Atualmente, temos 19 técnicos trabalhando no local. Mas o ponto mais importante é quem garante a segurança?”, disse Cavusoglu em uma entrevista à emissora turca NTV.

    “Fora do aeroporto, pode ser o Talibã, mas dentro [do aeroporto] precisa ser uma empresa privada ou um estado ou dois em que a comunidade internacional possa contar.”

    Promessa de anistia

    Milhares de afegãos que trabalharam com organizações internacionais no país e agora temem retaliação do Talibã tentaram fugir durante a desesperada operação de transporte aéreo do mês passado, mas muitos foram deixados para trás.

    O novo primeiro-ministro interino do Afeganistão, Mohammad Hasan Akhund, disse nesta quarta-feira que seu governo promete anistia para “todos aqueles que causaram o sofrimento dos combatentes do Talibã e são responsáveis ​​pelos tipos mais severos de tortura e abusos”.

    “Ninguém poderá provar que foi submetido a vingança. E em circunstâncias tão tensas, é fácil fazer o que quiser. Mas o movimento é disciplinado e controla seus integrantes”, disse ele à Al Jazeera durante entrevista.

    Akhund disse ainda que o Talibã “não fez mal a ninguém por causa de suas ações anteriores”.

    Akhund pediu a ex-funcionários que fugiram do país – depois que o Talibã assumiu o controle – retornem ao Afeganistão, garantindo-lhes condições de segurança no país.

    Ele disse que todos os diplomatas, embaixadas e instituições de ajuda humanitária também teriam essa segurança garantida, de acordo com a Al Jazeera.

    Akhund é um membro antigo do Talibã e lidera o chamado “Shura” do grupo, ou Conselho de Liderança, há cerca de duas décadas. Ele está atualmente sob sanções da ONU.

    O Talibã anunciou um governo interino linha dura – exclusivamente masculino – em uma entrevista coletiva nesta terça-feira, intensificando a preocupação com potenciais ameaças aos direitos das mulheres e das minorias no país.

    Os combatentes do Talibã usaram chicotes e bastões contra um grupo de mulheres que protestou em Cabul pela falta de representação feminina.

    O ex-presidente afegão Hamid Karzai pediu nesta quinta-feira que o Talibã forme um governo mais inclusivo, incluindo as mulheres.

    Em um comunicado no Twitter, Karzai reconheceu que a formação de um governo interino era “necessária para a prestação de serviços”, mas instou o Talibã a levar em consideração a “rica estrutura social” do país.

    “Todo cidadão do país, inclusive as mulheres, tem o direito de participar do governo e servir ao povo”, afirmou.

    “É necessário abordar as deficiências do anunciado gabinete interino, para que todas as pessoas neste país se vejam neste governo e, juntamente com a plena unidade nacional, trabalhem por um Afeganistão próspero, pacífico e progressista.”

    (Kylie Atwood, Vasco Cotovio, Niamh Kennedy, Gul Tuysuz, Saleem Hashimi e Mick Krever, da CNN, contribuíram para esta reportagem.)

    Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui

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