Acordo de grãos entre Rússia e Ucrânia pode ser passo rumo à paz, diz professor
Em entrevista à CNN, Leonardo Trevisan destacou importância da iniciativa para países pobres dependentes do trigo ucraniano
Neste sábado (23), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, condenou os ataques russos ao porto ucraniano de Odessa e lembrou que os grãos são necessários para combater uma crise alimentar global.
Mísseis foram disparados um dia após a assinatura de um acordo entre Rússia e Ucrânia para a reabertura dos portos do Mar Negro para exportação de grãos.
Em entrevista à CNN, o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, afirmou que a iniciativa “pode significar uma iniciativa, um passo à frente no sentido da paz e conter o processo da guerra”.
“Como olhamos o nome que toda essa ação teve, “Iniciativa para o Mar Negro”, resume bem: é uma iniciativa”, acrescentou.
O professor contou que enxerga o acordo por “dois ângulos muito fortes”. O primeiro diz respeito à questão humanitária afetada pelo acordo.
“De concreto, temos países na beira da fome. Até pessoas significativas do mercado financeiro alertam para a situação de Senegal, Nigéria, países pobres que precisam realmente de um preço de trigo mais aceitável”, disse Leonardo Trevisan.
“Temos 20 milhões de toneladas de trigo e milho estocados na Ucrânia e, de alguma forma, a ação da ONU e da Turquia abre espaço para que isso saia do país. Metade do consumo desses países pobres, como Eritreia, é comprado na Ucrânia”, acrescentou.
Para além do lado humanitário, o professor vê o acordo como “uma ação de pragmatismo diplomático cheia de simbolismos”.
“Os ucranianos se negaram a apertar a mão dos russos, se negaram a assinar o mesmo papel que os russos. Isso tudo tem um simbolismo diplomático importante. A realidade é um pouco diferente”, afirmou.
Assista a entrevista completa no vídeo acima.