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    Acidente com ônibus que levava pessoas para quarentena na China deixa 27 mortos

    Caso gerou críticas à política "Covid Zero" do governo chinês; veículo transportava 47 pessoas

    Yong XiongNectar GanPhilip Wangda CNN

    Críticas sobre a política “Covid Zero” da China explodiram depois que um ônibus que transportava moradores para uma instalação de quarentena se envolveu em um acidente no domingo (18), matando 27 pessoas.

    Segundo as autoridades, o veículo transportava 47 pessoas de Guiyang, capital da província de Guizhou, para um condado remoto a 249 km de distância, quando capotou em um trecho montanhoso da rodovia e caiu em uma vala por volta das 2h40.

    Não está claro por que o automóvel de quarentena levaria pessoas em estradas sinuosas nas montanhas depois da meia-noite. A regulamentação de transporte da China proíbe ônibus de longa distância de operarem entre 2h e 5h.

    Uma foto amplamente divulgada nas redes sociais mostra o ônibus à noite, com o motorista vestindo um traje de proteção completo que deixava apenas os olhos descobertos. Outras fotos e vídeos mostram o veículo com sua parte superior esmagada e um trabalhador com roupa de proteção pulverizando desinfetante nele, enquanto era rebocado por um caminhão.

    Embora a CNN não possa verificar de forma independente as imagens, a placa do ônibus corresponde à relatada pelas autoridades. Os sobreviventes do acidente estão agora recebendo tratamento hospitalar. Uma foto do veículo foi publicada na rede social Weibo.

    As notícias sobre as mortes provocaram um grande clamor nas redes sociais chinesas, com muitos questionando a implementação cada vez mais rígida da política de Covid Zero da China, que consiste em lockdowns instantâneos, testes em massa e extensas quarentenas para conter surtos.

    Lockdowns rigorosos e prolongados provocaram, recentemente, protestos em cidades que vão de Guiyang, Chengdu a Jinan, bem como nas regiões de Xinjiang e Tibete.

    “O que faz você pensar que não estará naquele ônibus tarde da noite um dia?”, questionava um comentário na internet que viralizou, recebendo mais de 250 mil curtidas antes de ser censurado.

    “Estamos todos no ônibus. Nós apenas não caímos ainda”, dizia outra pessoa.

    Os censores chineses correram para cobrir a indignação. Muitas postagens na mídia estatal sobre o acidente bloquearam a opção de comentários, e os resultados das pesquisas pareciam ser filtrados.

    Uma hashtag relacionada ao assunto teve mais de 450 milhões de visualizações na noite de domingo, mas apenas postagens de contas oficiais do governo e da mídia foram mostradas.

    Uma moradora de Guizhou que disse que seu amigo morreu no acidente foi ao Weibo para exigir que o governo de Guiyang seja responsabilizado. Suas publicações foram amplamente compartilhadas, gerando uma onda de raiva e simpatia. A usuária recusou os pedidos de entrevista da CNN e depois escondeu suas postagens.

    As autoridades de Guizhou estão sob enorme pressão para conter até mesmo surtos de Covid em pequena escala antes do 20º Congresso do Partido, no qual o líder chinês Xi Jinping deve garantir um terceiro mandato no poder.

    Guizhou registrou 712 infecções no sábado (17), representando 70% dos novos casos em todo o país. Nove autoridades locais em Guiyang foram suspensas este mês por não implementarem adequadamente as políticas da Covid.

    Também no sábado, as autoridades de Guiyang prometeram “travar uma batalha decisiva” para eliminar a transmissão comunitária. Na China sem Covid-19, uma solução comumente usada é transportar prédios inteiros ou comunidades de moradores para fora da cidade para ficarem em quarentena.

    Em Guiyang, que sofreu um lockdown no início deste mês, as autoridades prepararam 20 ônibus e 40 motoristas para transportar cidadãos que tiveram contato próximo com outros que tiveram a doença para outras cidades, informou o jornal estatal Guiyang Evening Paper. Até sábado, mais de 7 mil pessoas haviam sido transferidas e quase 3 mil estavam esperando para serem retiradas de ônibus.

    Segundo dados do governo, apenas duas pessoas morreram de Covid em Guizhou, uma província de 38 milhões de pessoas, desde o início da pandemia.

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